O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP) e que teve seu pedido de habeas
corpus negado na madrugada desta quinta-feira (5), responde ainda a outros
processos na Justiça. Confira abaixo.
Obstrução
O primeiro processo no qual Lula se tornou réu refere-se
a uma denúncia de obstrução de Justiça feita pelo Ministério Público Federal em
Brasília. A ação foi aceita pelo juiz Ricardo Augusto Leite, da 10ª Vara
Federal da capital, e acusa o ex-presidente de ter tentado comprar o silêncio
do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
O petista é réu com seu amigo pecuarista José Carlos
Bumlai, o banqueiro André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais três
pessoas. O grupo teria articulado para tentar evitar que Cerveró fizesse um
acordo de delação premiada com o MPF.
África
Lula responde por corrupção passiva, tráfico de
influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa em um processo sobre
obras da Odebrecht em Angola, na África, que corre na 10ª Vara Federal de
Brasília, sob o comando do juiz Vallisney de Souza Oliveira. O caso é fruto da
Operação Janus, um desdobramento da Lava Jato.
Segundo o Ministério Público Federal, o ex-presidente
teria usado sua influência para conseguir contratos para a construtora no país
africano, em obras financiadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (Bndes).
Em troca, a Odebrecht teria feito “repasses” que
totalizaram R$ 30 milhões a Lula, principalmente por meio de pagamentos de
palestras ministradas pelo petista. Além disso, o inquérito inclui a Exergia,
empresa de seu sobrinho Taiguara Rodrigues dos Santos subcontratada pela
empreiteira para atuar em seus projetos em Angola.
A companhia, embora com pouca trajetória no mercado,
teria recebido R$ 20 milhões da Odebrecht entre 2009 e 2015. Taiguara também é
réu no processo, assim como Marcelo Odebrecht e mais oito pessoas.
Caças
A conturbada compra de caças pelo governo brasileiro
também levou Lula ao banco dos réus. No âmbito da Operação Zelotes, o
ex-presidente é acusado de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e
organização criminosa ao, supostamente, ter tentado interferir na aquisição de
36 aviões militares da fabricante sueca Saab.
Além disso, o Ministério Público diz que o petista teria
negociado a prorrogação de medida provisória que concedia incentivos fiscais
para montadoras de automóveis. O objetivo seria beneficiar as empresas MMC
Automotores, subsidiária da Mitsubishi no Brasil, e Caoa, distribuidora das
marcas Ford, Hyundai e Subaru no país.
Assim como a Saab, as duas companhias eram clientes do
escritório de lobby Marcondes & Mautoni, que teria repassado cerca de R$
2,5 milhões a Luís Cláudio, filho de Lula. Os dois episódios teriam ocorrido
quando o petista já havia deixado o Palácio do Planalto. O caso tramita na 10ª
Vara do Distrito Federal, a do juiz Vallisney.
Apartamento
Novamente no âmbito da Lava Jato, Lula é réu na Justiça
Federal de Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um processo
sobre a compra de um terreno para seu instituto em São Paulo e de um
apartamento vizinho ao imóvel onde ele reside, em São Bernardo do Campo. Os
dois negócios estariam ligados ao pagamento de propina pela Odebrecht.
A área que sediaria a fundação do ex-presidente foi
adquirida em novembro de 2010 pela DAG Construtora, que pertence a um
empresário ligado a Marcelo Odebrecht. Segundo a Polícia Federal, a empreiteira
estaria por trás da compra – o terreno não virou sede do Instituto Lula e hoje
está em nome de uma incorporadora.
Já o apartamento teria sido comprado por Glaucos da
Costamarques, primo de José Carlos Bumlai, e alugado gratuitamente ao petista
por meio de um contrato celebrado em nome da ex-primeira-dama Marisa Letícia,
morta no início de 2017. De acordo com a Polícia Federal, o ex-presidente
utiliza o imóvel desde 2003 e é seu verdadeiro dono.
Já os advogados de Lula afirmam que o terreno chegou a
ser oferecido a seu instituto, mas que não houve interesse na aquisição. Além
disso, defende que o petista paga regularmente o apartamento vizinho ao seu em
São Bernardo do Campo, em um negócio de âmbito “estritamente privado”.
Sítio
Lula responde por corrupção e lavagem de dinheiro no caso
referente a um sítio em Atibaia (SP) que teria sido reformado por Odebrecht e
OAS em favor da família do ex-presidente, em troca de contratos na Petrobras. O
caso corre no tribunal de Sérgio Moro.
Medidas Provisórias
Por fim, o líder petista é réu por suposta venda de uma
medida provisória, em 2009, que prorrogou incentivos tributários para o setor
automotivo. O Ministério Público Federal diz que a lei teve como contrapartida
o pagamento de mais de R$ 30 milhões em propinas para intermediários e agentes
políticos. A denúncia faz parte da Operação Zelotes e foi acatada pelo juiz
Vallisney de Souza Oliveira.
STF
O ex-presidente também foi denunciado pelo então
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, junto com Dilma Rousseff e
ex-ministros dos governos petistas. Eles são acusados de integrar uma
organização criminosa entre 2002 e 2016, supostamente liderada por Lula. A
denúncia ainda não foi acatada pelo Supremo Tribunal Federal.
Revista IstoÉ
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