Lula troca ameaça da jararaca pelas lágrimas
Foto:Estadão/Reprodução |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou
radicalmente de estratégia no pronunciamento que fez hoje se comparado ao Lula
que vociferou contra tudo e contra todos em março deste ano, quando foi levado
de maneira coercitiva para prestar depoimento em uma sala do aeroporto de
Congonhas, em São Paulo. No dia 4 de março, após ter sido ouvido por um
delegado da Polícia Federal no inquérito da Lava Jato, Lula ameaçou: “Se
quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça”. Hoje, um Lula abatido foi às
lágrimas diante das câmeras de TV e dos fotógrafos, em mais um espetáculo
midiático da operação, desta vez, protagonizado pela defesa.
“Eles querem me investigar,
me investiguem, querem me convocar pra depor, me convoquem. Eu só quero que
respeitem a Dona Marisa (mulher dele, também denunciada ontem pelo Ministério
Público Federal)”, disse Lula hoje, em tom colaborativo, completamente o oposto
do político que chegou a mandar as autoridades enfiarem o inquérito naquela
lugar em março. O que mudou nesses quase 6 meses transcorridos entre os dois
pronunciamentos de Lula? Simples de responder: As investigações avançaram e o
PT perdeu a Presidência com o impeachment de Dilma Rousseff.
O discurso de Lula hoje, que
se recusou a responder perguntas dos jornalistas, foi antes de tudo político,
emocional. O ex-presidente praticamente não entrou no mérito das graves
acusações da Lava Jato sobre sua ligação (ligação que ele não nega) com o Léo
Pinheiro, ex-homem forte da OAS. Fez afirmações genéricas sobre a investigação
e chamou a denúncia do MPF de “pirotecnia”. E, claro, e se declarou uma
“vítima”: “Fui vítima de um momento de indignação. Eu nunca pensei passar por
isso”.
No momento mais desafiador
hoje, Lula pediu “provas” de que praticou corrupção. “Provem uma corrupção minha
que irei a pé ser preso”. O dever da prova é das autoridades, da investigação,
do Estado, dos acusadores. Lula sabe disso e, no âmbito jurídico, parece ter
lançado mais um desafio à Lava Jato. Porém, se comovem uma parcela importante
dos brasileiros e revelam o lado humano da jararaca, as lágrimas do ex-presidente
não bastam para “provar” sua inocência. Essa luta ele terá de travar nos
tribunais com os bons advogados que têm à disposição.
Agência Estado
Nenhum comentário:
Postar um comentário