PT irrita o Exército*
Eliane Cantanhêde
O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, reagiu
com irritação à Resolução do Diretório Nacional do PT sobre Conjuntura,
aprovada na última terça-feira, em que o partido, em meio críticas à própria
atuação e ao governo Dilma Rousseff, incluiu um “mea culpa” por não ter
aproveitado seus 13 anos no poder para duas providências em relação às Forças
Armadas: modificar o currículo das academias militares e promover oficiais com
“compromisso democrático e nacionalista”.
“Com esse tipo
de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”, disse o comandante
ao Estado, considerando que os termos da resolução petista _ e não apenas às
Forças Armadas _ “remetem para as décadas de 1960 e de 1970″ e têm um tom
“bolivariano”, ou seja, semelhante ao usado pelos regimes de Hugo Chávez e
agora de Nicolás Maduro na Venezuela e também por outros países da América do
Sul, como Bolívia e Equador.
Segundo o
general Villas Boas, o Exército, como Marinha e Aeronáutica, atravessam todo
esse momento de crises cumprindo estritamente seu papel constitucional e
profissional, sem se manifestar e muito menos sem tentar interferir na vida
política do país. Ele espera, no mínimo, reciprocidade. Além dele, oficiais de
altas patentes se diziam indignados contra a resolução do PT. Há intensa troca
de telefonemas nas Forças Armadas nestes dois últimos dias.
Eis o
parágrafo da Resolução do PT que irritou o Exército, na página 4 do documento:
“Fomos
igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria
impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e
do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares;
promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala
mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de 5
verbas publicitárias para os monopólios da informação.”
*Publicado no Estadão.com, em 19/05/2016
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