quarta-feira, 13 de abril de 2016

Impeachment

Dilma diz que se perder na Câmara 
vira 'carta fora do baralho'


A presidente Dilma Rousseff recebeu no início da manhã um grupo de dez jornalistas para uma entrevista no Palácio do Planalto. Na conversa de mais de duas horas, Dilma admitiu a possibilidade de derrota na votação de domingo. Já no final da entrevista, foi direta em relação ao seu futuro político em caso de o impeachment prosperar:

— Se eu perder, sou carta fora do baralho.

Embora tenha ressaltado que não faria "uma entrevista bem comportada", Dilma queria basicamente passar alguns recados.

*Associar Michel Temer e Eduardo Cunha, a quem chamou de sócios.

*Dizer que o impeachment é golpe: ("impeachment sem fundamentação é um salto no escuro que marcará profundamente a história política do Brasil")

* E propor um pacto, se conseguir barrar o impeachment no domingo.

Na entrevista, dada no Palácio do Planalto, tendo ao seu lado o ministro Edinho Silva, Dilma atacou com violência a dupla Cunha e Temer("Só não sei quem é o chefe e o vice-chefe. Mas eles são sócios. Um não age sem o outro.").

Em relação ao pacto, ficou uma interrogação no ar. Dilma não conseguiu detalhar uma agenda para a ideia. Se disse aberta ao diálogo com a oposição a quem convidaria para conversar.

Mesmo sem ter explicado que pacto seria esse, disse que só ela poderia fazê-lo. E se referindo a Temer, a quem nunca citava pelo nome, afirmou que não existe pacto "sem a legitimidade do voto".

Em nenhum momento, Dilma conseguiu se dizer otimista em relação à votação de domingo. Mas garantiu que lutará "até o último minuto contra esta tentativa de golpe".

A presidente criticou também o relatório aprovado na Comissão do Impeachment, na segunda-feira e qualificou-o de "uma fraude". Mas os alvos preferidos foram mesmo Temer e Cunha. No caso de Cunha faz parte da estratégia do Planalto usar a péssima imagem pública de Cunha para tirar a legitimidade do impeachment.

Ela criticou também o conteúdo do áudio vazado anteontem em que o seu vice fala de seu projeto de governo, caso o impeachment seja aprovado ("Foi um vazamento para si mesmo.Algo fantástico"). Ali, Temer fala que o estado deve prover a segurança, a saúde e a educação. 

— A visão do estado mínimo é uma visão primária. Isso só serve para países desenvolvidos. E às vezes, nem isso, vejam o caso da Dinamarca.

De olhos um pouco vermelhos e demonstrando irritação apenas ao falar do impeachment, Dilma negou-se também a fazer qualquer autocrítica sobre sua relação com o Congresso.

Garantiu que não passa pela sua cabeça a possibilidade de enviar ao Congresso um projeto propondo eleições gerais.
(Com O Globo.com/conteúdo)

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