Governo deixa Petrobras à beira do abismo
O tempo passa e a Petrobras não se move. Submersa em
gestão temerária e corrupção durante o período Lula, a administração da maior
empresa estatal do país virou tema de um folhetim policial no governo Dilma
Rousseff.
Sua produção estagnou na faixa dos 2,8 milhões
de barris diários; a receita entrou em declínio também por efeito da queda à
metade dos preços do petróleo, em comparação com os valores de 2014; o
endividamento em moeda estrangeira ascende a US$ 100 bilhões; e a companhia já
não consegue renovar créditos, porque foi banida do mercado.
Dilma, reeleita, sinalizou uma faxina na empresa e mudanças na
política setorial. No Congresso, alguns partidos aliados do governo e da
oposição uniram-se na reavaliação do “modelo” de partilha da produção, adotado
para o pré-sal numa conjuntura em que a Petrobras era outra companhia — tinha
caixa, crédito, gastava menos dinheiro com exércitos de advogados e menos tempo
e energia com problemas em tribunais do Brasil e do exterior.
O tempo passou, porém quase nada foi feito. Por fé ideológica, o
governo resolveu manter o seu irrealista “modelo” de partilha, com monopólio da
Petrobras na operação e imposição do controle de 30% de todos os consórcios.
A cúpula da empresa, por sua vez, manteve-se refém de um outro
“modelo”, o político: cumpre ordens de Brasília enquanto, tacitamente, compõe
interesses corporativos com os da nomenclatura sindical, usufrutuária de
benesses por se alinhar ao partido do governo, o PT.
Da lassidão surgiu a atual greve de petroleiros, organizada em
torno de uma “pauta política”, com efeito vinculante sobre “um novo acordo
coletivo”, conforme a federação dos petroleiros.
Nele, essa burocracia beneficiária da gestão política que conduziu
a Petrobras ao abismo pretende decidir o rumo da empresa controlada pelo
Estado, à margem da vontade da coletividade, acionistas e representados no
Legislativo.
Sob o silêncio obsequioso do governo e da direção da empresa,
exigem que a Petrobras “assuma o interesse em permanecer como operadora única
do pré-sal”, conforme a atual lei da partilha. E mais: compromisso de não
realizar “qualquer abertura de capital” da BR Distribuidora, incorporação
“integral e imediata” das subsidiárias Transpetro e Araucária Nitrogenados,
“manutenção e/ou ampliação” das atividades de exploração e produção no país e
preservação da política de conteúdo local.
Fosse privada, a Petrobras já estaria em concordata, devido ao
cardápio de malfeitos lulopetistas. Sem realismo sobre o seu papel (o ideal
seria o retorno ao exitoso formato de concessões), não se realizam leilões para
o pré-sal, porque a estatal não consegue participar. Assim, não entra dinheiro
no caixa, não há crédito e o endividamento se multiplica. A Petrobras está à
beira do precipício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário