Pacientes ficam sem tratamento
Foto: Agência Reuters |
Lutando contra um câncer de mama há
um ano e meio, Dania Garcia, 50, precisa tomar diariamente um comprimido de
Letrozol 2,5 mg.
Há três meses, o remédio sumiu das
prateleiras de Guarico, Estado no centro-norte da Venezuela onde a vendedora
mora. Para tentar consegui-lo, ela precisa viajar cinco horas de ônibus e
procurá-lo em Caracas.
Na
rede pública, Dania buscou o remédio por semanas. Depois achou uma caixa em uma
loja privada, a 2.500 bolívares, um terço do salário mínimo que recebe.
Na
última sexta (28), ela finalmente conseguiu 30 comprimidos de Letrozol numa
farmácia estatal a custo zero. Mas sua viagem e a da irmã que a acompanhou
consumiram todo seu salário.
"Em
um mês terei de fazer tudo isso de novo", diz.
A
falta de remédios é uma das facetas mais dramáticas do desabastecimento na
Venezuela. Segundo a Federação Farmacêutica Venezuelana (Fefarven), a escassez
atinge sete de cada dez medicamentos vendidos no país.
"De
cremes para queimadura a remédios para o sistema nervoso, passando por
tratamentos cardiológicos e anticoagulantes, quase tudo falta", diz Freddy
Ceballos, presidente da Fefarven.
Um dos
casos mais urgentes é o dos anticoncepcionais. Ceballos prevê aumento na taxa
de gravidez adolescente num país que já é recordista sul-americano nesse
índice.
Em
julho, um pico de escassez de Prednisona e Cellcept, drogas que impedem o
organismo de rejeitar órgãos transplantados, levou venezuelanos a recorrerem a
remédios para cachorros e gatos. Os remédios reaparecem, mas sem a garantia de
que o abastecimento se normalize.
"Pacientes
transplantados dependem de um coquetel de remédios que só faz efeito se todos
forem tomados com regularidade. O problema é que quando um remédio ressurge,
outro some", diz Francisco Valencia, ativista pelos direitos dos
transplantados.(Agência Folha)
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