segunda-feira, 21 de abril de 2014

Bom Dia!

ADEUS GABO!

“No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30m da manhã para esperar o navio em que chegava o bispo. Tinha sonhado que atravessava um bosque de grandes figueiras onde caía uma chuva branda e, por um instante foi feliz no sonho, mas ao acordar sentiu-se completamente salpicado de cagada de pássaros. ‘Sempre sonhava com árvores’, disse-me sua mãe 27 anos depois, evocando os pormenores daquela segunda-feira ingrata. ‘Na semana anterior tinha sonhado que ia sozinho em um avião de papel aluminizado que voava sem tropeçar entre as amendoeiras’, disse-me. Tinha uma reputação muito bem merecida de intérprete certeira dos sonhos alheios, desde que fossem contados em jejum, mas não percebera qualquer augúrio aziago nesses dois sonhos do filho, nem nos outros sonhos com árvores que ele lhe contara nas manhãs que precederam sua morte.”

Este é o primeiro parágrafo do primeiro livro do Gabriel Garcia Márquez que li, em 1981. Foi a partir da 14ª edição de Crônica de Uma Morte Anunciada, que comecei a penetrar no incrível mundo das histórias contadas por Gabo, este colombiano fantástico que nasceu no dia 6 de março de 1927, em Aracataca, e morreu dia 17 de abril de 2014, no México.
E foi com este livro de Garcia Márquez, que comecei a conhecer Macondo, “uma aldeia de vinte casas”, o Coronel Aureliano Buendía, de Cem Anos de Solidão, “que promoveu trinta e duas revoluções armadas e perdeu todas. Teve dezessete filhos varões de dezessete mulheres diferentes. Escapou de quatorze atentados, setenta e três emboscadas e um pelotão de fuzilamento. Chegou a ser comandante geral das forças revolucionárias (...) mas nunca permitiu que lhe tirassem uma fotografia” e tantos outros personagens inesquecíveis.

Li praticamente toda a obra de Gabriel García Marquez, e acabei me inundando de encantamento ao me deparar com O Amor nos Tempos do Cólera, aquele que o próprio Gabo considerava como seu verdadeiro livro.
Cem anos de solidão, Veneno da Madrugada, Olhos de cão azul, Os funerais da Mamãe Grande, O Outono do Patriarca, Do Amor e Outros Demônios, Memórias de Minhas Putas Tristes e tantos outros que, ao olhar para minha biblioteca me fazem pensar no quanto os mais de trinta exemplares que tenho guardam de histórias que somente o gênio de Gabo poderia contar.
Com os livros, fica a saudade e com as histórias, as lágrimas que o mundo derrama pela morte de Gabriel Garcia Márquez. Com a rosa amarela que conservo sempre na minha mesa de trabalho, como ele fazia, fica a minha  homenagem particular.

“Tropeçou no último degrau, mas se levantou imediatamente. ‘Teve até o cuidado de sacudir com a mão a terra que ficou em suas tripas’, disse-me tia Wene. Depois entrou em sua casa pela porta dos fundos, que estava aberta desde as seis horas, e desabou de bruços na cozinha”

O trecho, na página 177, encerra a fantástica Crônica de Uma Morte Anunciada, o primeiro livro de Gabriel Garcia Márquez que li.

Adeus Gabo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário