Não há como
fugir dos serviços
que sobem acima da inflação
André Machado*
Água e esgoto, energia, gás, gasolina e ônibus urbano. Itens
praticamente sem concorrência tiveram aumentos muito maiores do que a inflação
desde o primeiro ano cheio do Plano Real. De 1995 para cá o IPCA subiu 261,3%
contra uma média de 474,3% nos serviços. Nesta média estão incluídos ainda
plano de saúde e telefonia fixa, duas áreas com concorrência. A reportagem
publicada no jornal Zero Hora de hoje traz um desânimo. São justamente os
chamados “preços controlados” os que mais sobem. A boa notícia é que o ritmo do
crescimento acima da inflação nos últimos cinco anos diminuiu. No último ano
energia e telefonia fixa cresceram abaixo da inflação.
A maior parte destes preços é calculada
a partir de planilhas e depois aprovadas por uma agência. A frieza da
matemática, no entanto, não traduz a realidade do bolso dos consumidores. No
caso do gás, por exemplo, o aumentos desde 1995 é 3,5 maior do que a inflação.
Haja bolso. Entre manter a saúde do caixa das empresas ou o do nosso bolso, a
tendência tem sido garantir a saúde das empresas. Aos consumidores cabe cortar
em outros itens caso não tenham progredido profissionalmente nestes anos. Aos
aposentados, então, não há alternativa
Como fugir? Qual a alternativa à água e
esgoto? Morar no campo e abrir uma fossa e um poço artesiano é difícil para
quem vive na cidade. No campo ainda poderia se comprar um gerador e não usar a
energia convencional. Ou ainda colocar painéis solares para a própria geração
de energia. Mas quem tem dinheiro para isto? Há muito o governo promete um
plano para comprar energia de consumidores residenciais que também a produzam.
Segue no campo dos sonhos. Ao gás, qual a alternativa? À gasolina dá para se
trocar pela bicicleta ou pela saudável caminhada, mas confesso que me assusta
só em pensar em ter que subir lombas como as da Ramiro Barcellos ou da Lucas de
Oliveira.
Jornalista*
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