NADA JUSTIFICA
Flor Edison da Silva Filho*
O tema é o terrorismo.
Recentemente, na cidade de Boston, tivemos mais um caso de ataque do
terror. Morreram três pessoas e quase
duas centenas ficaram feridas. Muitas pessoas tiveram membros amputados. Em suma, o resultado do ataque do terror é
sempre triste e comovente.
A polícia americana tratou de
agir com a dedicação que a situação exigia e rapidamente chegou aos
responsáveis pelos atos insanos. Um foi
abatido na perseguição e enfrentamento contra os policiais e o outro conseguiu
escapar, mas logo foi preso.
Surpreendentemente,
comentários já percorrem as redes sociais a reclamar da grande divulgação do
fato ocorrido nos Estados Unidos, quando na África e no Oriente Médio têm se
verificado situações bem mais graves que, dizem esses comentários, não têm
merecido a mesma dedicação da imprensa, como se houvesse aí um “privilégio” em
favor dos EUA.
Há também os que já aproveitam
a situação para acusar os Estados Unidos de mortes de civis no Iraque e
Afeganistão, como se fosse possível comparar os embates de guerra do exército
americano com os ataques do terrorismo internacional.
São inegavelmente comentários
equivocados.
Têm serventia de expressar, de
todo modo, um antiamericanismo que se pode qualificar de inconsequente.
Forças militares em atos de
guerra, não raro, provocam lamentáveis efeitos colaterais quando atingem civis
inocentes. Claro que tais efeitos são condenáveis e igualmente tristes, e
exatamente por isso são sempre investigados, com punições, quando cabíveis, na
forma como a lei dos homens se aplica a tais situações. Atos de guerra, sabidamente se originam num
exército identificado, que tem por orientação evitar esses indesejados efeitos
colaterais. Pode-se afirmar, portanto,
que a morte de civis nessas situações só ocorre como um resultado
incontornável, em face da especificidade de determinado combate, ou como
resultado de um erro de procedimento. E é dentro desse contexto que tais
situações devem ser analisadas e criticadas.
Com os atos de terror é tudo
bem diferente. O terrorismo é o ataque
direcionado deliberadamente a pessoas inocentes. Quanto mais mal causar, quantos mais
inocentes fulminar, quanto mais dolorosa ou terrível for a morte das vítimas,
mais sucesso – se é que se pode falar assim de uma situação desse tipo – tem a
empreitada. É outra coisa, sem qualquer
contato com a ação militar no campo de batalha, e não encontra nenhuma
justificativa que lhe dê amparo, nem no plano moral, nem no plano filosófico. Em suma, nada justifica!
Sendo assim, divulgar nas
redes sociais comentários que, antes, criticam os americanos – vítimas, no caso
– em razão de suas supostas culpas por enfrentamentos em guerra e na disputa
entre nações, num momento em que a solidariedade se impõe, tem o sentido, ainda
que velado, de justificativa, senão apoio, ao terrorismo mais execrável,
repugnante e desumano.
O terrorismo é, em si mesmo, a
negação da humanidade, por isso, nunca e sob nenhuma hipótese, deve ser
justificado.
*Advogado – Especialista em
Direito Imobiliário
Machado, excelente publicação! Ao relator - Dr. Flor Edison da Silva Filho - minha admiração pela clareza e didática na apresentação de um tema que reúne uma forte carga política, ideológica e filosófica, sem ser tendencioso, mas um cientista.Cristiane Carvalho Vargas
ResponderExcluirNão li, em nenhum espaço, qualquer tentativa de justificar o terrorismo. O que tenho lido é uma reclamação, justificada, a respeito da divulgação pela mídia em geral de atos e fatos acontecidos nos EUA, com muito mais frequência e ênfase do que as milhares e milenares ( talvez por isso ) amputações,decapitações,mortes por doenças, bala ou fome no resto do mundo. Nato.
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