sexta-feira, 26 de abril de 2013

NADA JUSTIFICA

Flor Edison da Silva Filho*

O tema é o terrorismo. Recentemente, na cidade de Boston, tivemos mais um caso de ataque do terror.  Morreram três pessoas e quase duas centenas ficaram feridas. Muitas pessoas tiveram membros amputados.   Em suma, o resultado do ataque do terror é sempre triste e comovente.
A polícia americana tratou de agir com a dedicação que a situação exigia e rapidamente chegou aos responsáveis pelos atos insanos.  Um foi abatido na perseguição e enfrentamento contra os policiais e o outro conseguiu escapar, mas logo foi preso.
Surpreendentemente, comentários já percorrem as redes sociais a reclamar da grande divulgação do fato ocorrido nos Estados Unidos, quando na África e no Oriente Médio têm se verificado situações bem mais graves que, dizem esses comentários, não têm merecido a mesma dedicação da imprensa, como se houvesse aí um “privilégio” em favor dos EUA.
Há também os que já aproveitam a situação para acusar os Estados Unidos de mortes de civis no Iraque e Afeganistão, como se fosse possível comparar os embates de guerra do exército americano com os ataques do terrorismo internacional.
São inegavelmente comentários equivocados.
Têm serventia de expressar, de todo modo, um antiamericanismo que se pode qualificar de inconsequente.
Forças militares em atos de guerra, não raro, provocam lamentáveis efeitos colaterais quando atingem civis inocentes. Claro que tais efeitos são condenáveis e igualmente tristes, e exatamente por isso são sempre investigados, com punições, quando cabíveis, na forma como a lei dos homens se aplica a tais situações.  Atos de guerra, sabidamente se originam num exército identificado, que tem por orientação evitar esses indesejados efeitos colaterais.  Pode-se afirmar, portanto, que a morte de civis nessas situações só ocorre como um resultado incontornável, em face da especificidade de determinado combate, ou como resultado de um erro de procedimento. E é dentro desse contexto que tais situações devem ser analisadas e criticadas.
Com os atos de terror é tudo bem diferente.   O terrorismo é o ataque direcionado deliberadamente a pessoas inocentes.  Quanto mais mal causar, quantos mais inocentes fulminar, quanto mais dolorosa ou terrível for a morte das vítimas, mais sucesso – se é que se pode falar assim de uma situação desse tipo – tem a empreitada.  É outra coisa, sem qualquer contato com a ação militar no campo de batalha, e não encontra nenhuma justificativa que lhe dê amparo, nem no plano moral, nem no plano filosófico.  Em suma, nada justifica!
Sendo assim, divulgar nas redes sociais comentários que, antes, criticam os americanos – vítimas, no caso – em razão de suas supostas culpas por enfrentamentos em guerra e na disputa entre nações, num momento em que a solidariedade se impõe, tem o sentido, ainda que velado, de justificativa, senão apoio, ao terrorismo mais execrável, repugnante e desumano.
O terrorismo é, em si mesmo, a negação da humanidade, por isso, nunca e sob nenhuma hipótese, deve ser justificado.
 
*Advogado – Especialista em Direito Imobiliário
                                                



2 comentários:

  1. Machado, excelente publicação! Ao relator - Dr. Flor Edison da Silva Filho - minha admiração pela clareza e didática na apresentação de um tema que reúne uma forte carga política, ideológica e filosófica, sem ser tendencioso, mas um cientista.Cristiane Carvalho Vargas

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  2. Não li, em nenhum espaço, qualquer tentativa de justificar o terrorismo. O que tenho lido é uma reclamação, justificada, a respeito da divulgação pela mídia em geral de atos e fatos acontecidos nos EUA, com muito mais frequência e ênfase do que as milhares e milenares ( talvez por isso ) amputações,decapitações,mortes por doenças, bala ou fome no resto do mundo. Nato.

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