quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mensalão

Voto do revisor - 2
Lewandowski cita a viagem feita por Valério, Tolentino e Palmieri a Portugal na gestão de Lula. "Vou provar que os interesses que foram defendidos nesta viagem eram muito anteriores à ascensão do presidente Lula ao cargo em 2003", diz o ministro.
O revisor lê trecho do depoimento do então ministro de Telecomunicações de Portugal, que participou da reunião no país europeu.
"O juiz pergunta se foram negociadas propinas e ele responde: ’Não, não. Se o sistema fosse esse, não haveria reunião’", diz Lewandowski.
O presidente da Corte interrompe e cita depoimento de Roberto Jefferson. Ayres Britto lê a resposta do ex-presidente do PTB quando perguntado sobre como se deram as tratativas da viagem.
"Jefferson responde: ’Sim, o Dirceu me pediu que indicasse alguém do PTB a Delúbio para que fosse a Portugal para tratar de interesses do PT e do PTB’", diz o presidente.
"Eu conheço perfeitamente este depoimento", rebate o revisor. "E vou dizer mais tarde que este réu condenado era o inimigo figadal de Dirceu e procurou incriminá-lo e trazê-lo para o bojo dos fatos".
Lewandowski fala sobre as reuniões entre Dirceu e dirigentes do Banco Rural para discutir empréstimos.
"O parquet não conseguiu provar que Dirceu tenha, de fato, comparecido ao citado encontro ou que tivesse discutido empréstimos", diz.
Em seguida, se corrige: "Ele (Dirceu) realmente compareceu a este encontro, mas Plauto Gouvêa (então dirigente do Rural) assevereu que os aludidos empréstimos não foram discutidos com José Dirceu".
O revisor diz que o MPF não conseguiu provar a participação de Dirceu nos fatos. "Mas reafirmo: grande parte dos avanços republicanos que logramos foi graças à atuação firme, combativa do MP".
O ministro passa a falar sobre o episódio da venda do apartamento da ex-mulher de Dirceu Maria Angela Saragoça, que foi negociado com a ajuda de Marcos Valério e Tolentino.
Segundo a acusação, José Dirceu usou de sua influência para ajudar a ex-mulher a vender o imóvel para Tolentino.
"A negociação do apartamento não contou com nenhuma participação de José Dirceu", afirma Lewandowski.
"Depoimento da própria Maria Angela afirma isso, que foi exclusivamente por meio de Silvio Pereira que ela fez contato com Valério", diz o ministro.
"O MP e o relator deram bastante ênfase a uma suposta coincidência entre os repasses de dinheiro e as votações", diz Lewandowski. "Mas o deputado Odair Cunha (PT-MG), hoje relator da CPI do Cachoeira, traz aos autos um estudo repleto de dados estatísticos e gráficos que infirma completamente a compra dos votos", afirma.
"Não estou dizendo que esta seja a prova concreta e definitiva, mas aqui há um estudo estatístico que demonstra o contrário. É preciso que se traga aos autos", diz o revisor. "Não estou dando razão a um ou a outro. Estou dizendo que esta tese de que houve coincidência é uma tese contraditória", afirma o ministro.
"Não estou dizendo que não possa ter havido eventual compra de votos aqui ou acolá, estou dizendo que há provas para todos os gostos neste acervo", diz Lewandowski. (segue)...

Nenhum comentário:

Postar um comentário