Lewandowski cita a
viagem feita por Valério, Tolentino e Palmieri a Portugal na gestão de Lula.
"Vou provar que os interesses que foram defendidos nesta viagem eram muito
anteriores à ascensão do presidente Lula ao cargo em 2003", diz o
ministro.
O revisor lê trecho do
depoimento do então ministro de Telecomunicações de Portugal, que participou da
reunião no país europeu.
"O juiz pergunta se
foram negociadas propinas e ele responde: ’Não, não. Se o sistema fosse esse,
não haveria reunião’", diz Lewandowski.
O presidente da Corte
interrompe e cita depoimento de Roberto Jefferson. Ayres Britto lê a resposta
do ex-presidente do PTB quando perguntado sobre como se deram as tratativas da
viagem.
"Jefferson responde:
’Sim, o Dirceu me pediu que indicasse alguém do PTB a Delúbio para que fosse a
Portugal para tratar de interesses do PT e do PTB’", diz o presidente.
"Eu conheço
perfeitamente este depoimento", rebate o revisor. "E vou dizer mais
tarde que este réu condenado era o inimigo figadal de Dirceu e procurou
incriminá-lo e trazê-lo para o bojo dos fatos".
Lewandowski fala sobre as
reuniões entre Dirceu e dirigentes do Banco Rural para discutir empréstimos.
"O parquet não
conseguiu provar que Dirceu tenha, de fato, comparecido ao citado encontro ou
que tivesse discutido empréstimos", diz.
Em seguida, se corrige:
"Ele (Dirceu) realmente compareceu a este encontro, mas Plauto Gouvêa
(então dirigente do Rural) assevereu que os aludidos empréstimos não foram
discutidos com José Dirceu".
O revisor diz que o MPF
não conseguiu provar a participação de Dirceu nos fatos. "Mas reafirmo:
grande parte dos avanços republicanos que logramos foi graças à atuação firme,
combativa do MP".
O ministro passa a falar
sobre o episódio da venda do apartamento da ex-mulher de Dirceu Maria Angela
Saragoça, que foi negociado com a ajuda de Marcos Valério e Tolentino.
Segundo a acusação, José
Dirceu usou de sua influência para ajudar a ex-mulher a vender o imóvel para
Tolentino.
"A negociação do
apartamento não contou com nenhuma participação de José Dirceu", afirma
Lewandowski.
"Depoimento da
própria Maria Angela afirma isso, que foi exclusivamente por meio de Silvio
Pereira que ela fez contato com Valério", diz o ministro.
"O MP e o relator
deram bastante ênfase a uma suposta coincidência entre os repasses de dinheiro
e as votações", diz Lewandowski. "Mas o deputado Odair Cunha (PT-MG),
hoje relator da CPI do Cachoeira, traz aos autos um estudo repleto de dados
estatísticos e gráficos que infirma completamente a compra dos votos",
afirma.
"Não estou dizendo
que esta seja a prova concreta e definitiva, mas aqui há um estudo estatístico
que demonstra o contrário. É preciso que se traga aos autos", diz o
revisor. "Não estou dando razão a um ou a outro. Estou dizendo que esta
tese de que houve coincidência é uma tese contraditória", afirma o
ministro.
"Não estou dizendo
que não possa ter havido eventual compra de votos aqui ou acolá, estou dizendo
que há provas para todos os gostos neste acervo", diz Lewandowski. (segue)...
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