Joaquim Barbosa propõe um intervalo. O presidente da
Corte, Ayres Britto, concorda e suspende a sessão por 30 minutos. Antes do
intervalo, o relator descreveu como o esquema era operado. Segundo o ministro,
Dirceu era o comandante da rede e orientava Valério e Delúbio.
"José Dirceu era o responsável pela articulação política, o
organizador e o mandante dos crimes de corrupção ativa", disse Joaquim
Barbosa.
Segundo o ministro, "Dirceu é mencionado como negociador do
esquema de compra de apoio político, que dependia de sua atuação como ministro
da Casa Civil".
O presidente da Corte, Ayres Britto, reabre a sessão e passa a
palavra ao relator, Joaquim Barbosa, que retomará seu voto.
"A defesa chegou a afirmar inicialmente que Valério nunca
tinha participado de reunião com Dirceu, não teria distribuído dinheiro a
parlamentares e que a relação com Delúbio era apenas de amizade", diz
Barbosa.
O relator prossegue dizendo que, depois de declarações de
testemunhas, "ele confessou ter participado de duas reuniões com Dirceu,
não confirmando outros encontros". Por fim, segundo Barbosa, Valério
"admitiu que compareceu a várias reuniões na Casa Civil".
Joaquim Barbosa cita depoimento da ex-presidente do Banco Rural,
Kátia Rabello. "Valério foi realmente um facilitador da interlocução das
empresas do grupo Rural junto ao governo federal".
O ministro diz que a defesa de Dirceu tentou "desqualificar
o testemunho de Roberto Jefferson por se tratar de um corréu com interesse de
prejudicar Dirceu". Barbosa cita depoimento de testemunha que afirmou que
a relação de ódio que se criou entre Jefferson e Dirceu era "matéria de
imprensa".
O ministro fala sobre as viagens de Marcos Valério a Portugal,
confirmadas por um dos dirigentes da Portugal Telecom. "As viagens de
Marcos Valério no que diz respeito a esses atos não se limitam a essa famosa
viagem referida aqui (na companhia de Rogério Tolentino e Emerson
Palmieri)".
"É curioso notar que esta testemunha alegou que Valério
teria interesse em manter negócios comerciais com a Portugal Telecom, tentando
justificar a reunião", diz Barbosa. "Ocorre que a empresa não
realizou qualquer negocio jurídico com Valério ou com suas empresas",
afirma o relator.
"Um pequeno e desconhecido publicitário à época foi recebido
em Portugal pelo dirigente do Banco Espírito Santo, pelos dirigentes da
Portugal Telecom e pelo ministro de telecomunicações".
(segue...)
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