quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Mensalão

Voto do relator – 2
"Delúbio só admitiu a sua participação em encontros agendados entre os dois depois de declarações de partícipes, e claro, depois da declaração da esposa de Valério que se deu no fim de junho de 2005". "É importante destacar que nenhum destes personagens ocupava qualquer função governamental", afirma o ministro.
Joaquim Barbosa relembra que os empréstimos feitos por Valério e sócios junto aos bancos foram solicitados sem quitação dos anteriores. "Já eram devedores, por meio da SMP&B, de um empréstimo no valor de quase R$ 20 milhões e de um junto ao BMG de R$12 milhões, e foram contemplados com mais um comprovadamente fraudulento", diz.
"A meu sentir, essa cronologia também evidencia ter havido promessa de vantagens a líderes parlamentares, que, na sequência, receberam vultosos recursos", afirma Barbosa.
"Não é verossímil a alegação da defesa, pois, nem mesmo Plauto Gouvêa, pessoa da mais inteira confiança dos dirigentes do Rural e hoje presidente do Conselho de Administração, conhecia o assunto". O ministro relator diz que Marcos Valério era "um amigo e colaborador do governo federal".
Barbosa rebate a alegação de defesa de Dirceu de que é comum um ministro receber visita de diretores de instituições financeiras. "O problema não é o ministro receber diretores de instituições financeiras, mas sim o contexto em que se deram estas reuniões", afirma o relator.
"As eventuais alianças eram definidas pelos diretórios municipais, em nível local", explica Barbosa, que diz que os repasses foram feitos "a parlamentares que sequer eram candidatos".
Ayres Britto interfere e diz que os pagamentos foram feitos na "entressafra eleitoral".
"Não é absolutamente comum o seguinte: que estejam presentes em reuniões com o ministro-chefe da Casa Civil com os dirigentes do Rural e do BMG, um publicitário que se aproximou do partido nas eleições, e ainda o tesoureiro deste partido".
"Também não era comum que os assuntos tratados, como, por exemplo, a liquidação do Mercantil, guardassem relação com a atuação do ministro da Casa Civil, mas sim pelos ministérios técnicos, pelo BC".
"É incomum, ainda, que as diretorias desses bancos tenham emprestado dinheiro logo a seguir às empresas de Valério que, por sua vez, repassou dinheiro a pessoas indicadas por Delúbio, outro personagem ubíquo, sempre presente", diz Barbosa.
"Os autos deixam claro que os pagamentos estavam vinculados ao apoio parlamentar ao governo no Congresso, e não à alianças eleitorais", diz o ministro relator.
(segue...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário