Voto do
revisor – 1
Aberta a sessão
de julgamento do mensalão pelo STF, o ministro revisor, Ricardo Lewandowski,
retoma a leitura de seu voto. Neste momento, ele julga José Borba (ex-PMDB).
“Entendo que a
acusação restou devidamente comprovada. Segundo a denúncia, José Borba teria
recebido de Delúbio Soares vantagem indevida em troca de seu voto. Embora ao
meu ver não tenha ficado demonstrado o ato de ofício, tal fato, como demonstrei
na primeira parte do meu voto, é de todo irrelevante. Não resta dúvida do
recebimento de R$ 200 mil”, disse o ministro.
Segundo o revisor,
ficou no campo na “mera inferência ou simples conjectura” a denúncia de que o
deputado José Borba recebeu dinheiro em troca do voto. O ministro
afirmou que, caso comprovado o ato de ofício, isso só serviria para aumentar a
pena de José Borba – ele responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
“Não se faz necessário qualquer ato de ofício, que apenas serviria para
aumentar a pena do réu”.
Lewandowski aponta
que Simone Vasconcelos, diretora de agência de Marcos Valério, se deslocou de
Belo Horizonte para entregar R$ 200 mil ao então deputado, “numa operação
escusa, operação camuflada”. O réu teria ido ao banco e se retirado a assinar
recibo para a retirada do dinheiro. Por isso, a própria Simone entregou o
dinheiro.
O revisor afirma que
vai condenar o réu José Borba por corrupção passiva, já que, segundo
Lewandowski, ficou comprovada a prática do crime de corrupção passiva. “Entendo que ficou comprovado que o réu recebeu R$
200 mil das mãos de Simone Vasconcelos e o fez na condição de parlamentar,
configurando-se assim o crime de corrupção passiva”, diz o ministro.
Segundo Lewandowski,
o recebimento de dinheiro está relacionado ao crime de corrupção passiva.
“Ninguém passa recibo de corrupção”, afirmou o revisor.
Sobre o crime de
lavagem de dinheiro, Lewandowski afirma: “Eu
não posso pressupor que automaticamente exista uma lavagem de dinheiro. Tirar
do mesmo fato duas conseqüências”.
O presidente do STF
disse que o julgador deve se perguntar se o réu sabia do esquema, mas ás vezes
ele deve se questionar como o réu não saberia. “Às vezes o julgador ele mesmo
se pergunta. Primeiro: ele sabia do esquema da Lavagem? Ou, a segunda pergunta:
como não saber?”.
“Toda vez que tenho dúvida,
e terei muitas, eu creio que um juiz deve cultivar não somente a dúvida
socrática, mas também a dúvida cartesiana, para compreender o mundo
circundante. Um juiz, sobretudo de processo penal, parta de dúvida. O réu é
inocente, é preciso que o Ministério Público impute todas as condutas. Se ele
consegue convencer o juiz, tudo bem. E eu estou externando a minha posição",
diz Lewandowski.
Para o relator,
Joaquim Barbosa, “Havia uma engrenagem para esta distribuição de dinheiro, que
era evidentemente clara e conhecida”.
Ele disse que vai pedir a palavra logo após o revisor para rebater alguns
pontos do voto de Lewandowski.
José Borba é condenado por corrupção
O revisor votou pela
condenação de José Borba (ex-PMDB) por corrupção passiva. Lewandowski,
porém, absolveu o réu do crime de lavagem de dinheiro, o que gerou um debate
entre os ministros.
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