..se não marchar
direito, vai preso pro quartel.
Lembrei da música infantil para juntar a uma
história, também dos tempos de criança. A da mãe que assistindo ao desfile da
escola do filho, viu duzentas e noventa e nove crianças marchando e batendo com
o pé esquerdo e só o seu filho, o Paulinho, batendo com o pé direito. Foi olhar
e comentar: “Só o meu filho está com o passo certo”.
A figura me veio à cabeça ao analisar os votos
dos ministros do STF no julgamento dos denunciados como mensaleiros e corruptos.
Hoje, depois do voto do ministro Ayres Britto,
que confirmou o voto condenatório de todos os envolvidos na primeira fase do
processo, o placar ficou em nove votos pela condenação e dois pela absolvição.
Ou seja, dos onze ministros, nove entendem que houve crime e dois que não. Não é
um placar apertado, é uma goleada.
Suponho que quem ocupa o cargo de ministro do
Supremo Tribunal de Justiça, é profundo conhecedor das leis e das questões da
Justiça. Ninguém veste aquela beca preta sem que tenha provado seu alto saber
jurídico. Claro que existem acertos políticos e interesses em jogo que acabam
favorecendo um ou outro nome na hora de compor o quadro de onze magistrados. Isso,
no meu entender, não tira o mérito de cada um.
Daí, minha incredulidade diante dos votos
proferidos por Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Eles, contrariando a opinião
de todos os outros nove ministros, absolveram os réus.
Daí,fico pensando no que deve ter levado aos
dois eminentes ministros a contrariar a tese, quase unânime, de culpa dos réus?
Se entre onze, apenas dois divergem, alguma coisa tem de errado. Claro que é
democrático e necessário, em certos casos, divergir. Mas contra fatos, aprendi,
não existem argumentos. Ou os argumentos foram entendidos apenas por uns e não
por outros. Ou nove ministros estão certos e dois errados, ou nove estão
errados e dois são os “Paulinhos” de passo certo.
Tenho uma leve tendência a aceitar a primeira
parte, ou seja, fico com a opinião da maioria.(Machado Filho)
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