segunda-feira, 4 de junho de 2012

A pane política de Lula
João Bosco Rabello - O Estado de S.Paulo
A informação extraoficial de que a Controladoria Geral da União (CGU) já decidiu pela declaração de inidoneidade da Delta determinou a desistência do grupo J&F da operação de compra da empresa líder das obras do PAC. E pôs a pique outra iniciativa atribuída ao ex-presidente Lula na sua cruzada para influir no julgamento do mensalão, a favor do PT.
A operação funcionaria como antídoto ao efeito colateral da CPI do Cachoeira sobre o governo da afilhada política Dilma Rousseff. Sob nova direção, a extensa folha corrida da Delta seria debitada à conta de uma gestão fraudulenta, não detectada pelo governo, e passível de interdição com o aval deste.
Para dar certo era preciso remover três montanhas, proeza a exigir mais que a fé bíblica: restringir as investigações da Delta à Região Centro-Oeste, seduzir o comprador a entrar numa aventura e garantir a participação do BNDES na operação. Além, claro, de contar com uma dose generosa de ingenuidade coletiva.
Estratégia tão amadora compromete a mítica eficiência política de Lula, reconhecida até pelos seus adversários, e o nivela à turma dos "aloprados", com apenas dois anos fora do poder. É como uma pane política a indicar que o desespero com o iminente julgamento do mensalão não se restringe apenas ao companheiro José Dirceu, como teria dito ao ministro Gilmar Mendes na versão deste para a conversa entre ambos.
Versão que resiste a todos os desmentidos, como demonstra a operação do PT abortando pronunciamentos de seus parlamentares em defesa do ex-presidente, segundo a conclusão de que é melhor não manter acesa a polêmica.



Sumiço de Marta irrita Lula e o PT
Um dos principais alvos das reclamações do ex-presidente Lula durante o ato de lançamento da candidatura de Fernando Haddadd à prefeitura de São Paulo, foi a Senadora Marta Suplicy, adversária de Haddad na disputa pela vaga na eleição municipal.Ela havia confirmado presença mas não compare céu nem deu explicações.
Marta estava escalada para falar. “Fiquei chateado. Todos nós esperávamos que ela estivesse aqui” disse Haddad que foi obrigado a mudar o discurso em que destacava “o significado do apoio de Marta Suplicy”.
Além de Lula, vários petistas ficaram irritados com a ausência da senadora. Eles, que pediram para que seus nomes não fossem divulgados, desabafaram. “Se ela ainda tinha alguma moral no PT perdeu hoje”, disse um deputado. “A participação dela é igual à força que ela tem hoje no PT, ou seja, nada”, afirmou um prefeito. Um dirigente reclamou: “O que ela fez foi um ato de traição. Se não queria vir, não deveria ter confirmado presença”. Exaltado, um vereador bradou: “Foi uma afronta. Mais uma. A maior e a pior”.
O senador Eduardo Suplicy, ex-marido de Marta, chegou a telefonar de seu próprio celular a pedido de jornalistas mas a chamada caiu na caixa postal. Além disso, Suplicy mandou uma mensagem de texto para a ex-prefeita. “Marta, você está sendo muito aguardada no evento”. Ela não respondeu.

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