A pane
política de Lula
João Bosco Rabello - O Estado de S.Paulo
A informação extraoficial de que a Controladoria Geral da União
(CGU) já decidiu pela declaração de inidoneidade da Delta determinou a
desistência do grupo J&F da operação de compra da empresa líder das obras
do PAC. E pôs a pique outra iniciativa atribuída ao ex-presidente Lula na sua
cruzada para influir no julgamento do mensalão, a favor do PT.
A operação funcionaria como antídoto ao efeito colateral da CPI
do Cachoeira sobre o governo da afilhada política Dilma Rousseff. Sob nova
direção, a extensa folha corrida da Delta seria debitada à conta de uma gestão
fraudulenta, não detectada pelo governo, e passível de interdição com o aval
deste.
Para dar certo era preciso remover três montanhas, proeza a
exigir mais que a fé bíblica: restringir as investigações da Delta à Região
Centro-Oeste, seduzir o comprador a entrar numa aventura e garantir a
participação do BNDES na operação. Além, claro, de contar com uma dose generosa
de ingenuidade coletiva.
Estratégia tão amadora compromete a mítica eficiência política de
Lula, reconhecida até pelos seus adversários, e o nivela à turma dos
"aloprados", com apenas dois anos fora do poder. É como uma pane
política a indicar que o desespero com o iminente julgamento do mensalão não se
restringe apenas ao companheiro José Dirceu, como teria dito ao ministro Gilmar
Mendes na versão deste para a conversa entre ambos.
Versão que resiste a todos os desmentidos, como demonstra a
operação do PT abortando pronunciamentos de seus parlamentares em defesa do
ex-presidente, segundo a conclusão de que é melhor não manter acesa a polêmica.
Sumiço de Marta irrita Lula e o PT
Um dos principais alvos das reclamações do ex-presidente Lula
durante o ato de lançamento da candidatura de Fernando Haddadd à prefeitura de
São Paulo, foi a Senadora Marta Suplicy, adversária de Haddad na disputa pela
vaga na eleição municipal.Ela havia confirmado presença mas não compare céu nem
deu explicações.
Marta estava escalada para falar. “Fiquei chateado. Todos nós
esperávamos que ela estivesse aqui” disse Haddad que foi obrigado a mudar o
discurso em que destacava “o significado do apoio de Marta Suplicy”.
Além de Lula, vários petistas ficaram irritados com a ausência da
senadora. Eles, que pediram para que seus nomes não fossem divulgados, desabafaram.
“Se ela ainda tinha alguma moral no PT perdeu hoje”, disse um deputado. “A
participação dela é igual à força que ela tem hoje no PT, ou seja, nada”,
afirmou um prefeito. Um dirigente reclamou: “O que ela fez foi um ato de
traição. Se não queria vir, não deveria ter confirmado presença”. Exaltado, um
vereador bradou: “Foi uma afronta. Mais uma. A maior e a pior”.
O senador Eduardo
Suplicy, ex-marido de Marta, chegou a telefonar de seu próprio celular a pedido
de jornalistas mas a chamada caiu na caixa postal. Além disso, Suplicy mandou
uma mensagem de texto para a ex-prefeita. “Marta, você está sendo muito
aguardada no evento”. Ela não respondeu.
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