segunda-feira, 21 de maio de 2012

Opinião

Um ser monstruoso
Sou jornalista faz mais de 50 anos. Já convivi com todo o tipo de matéria, já cobri acontecimentos fatos marcantes e consegui, graças ao profissionalismo exigido pela profissão, ficar ausente, ou quase, do intimo das questões. Por mais fundo que se entre em alguma matéria, o lado profissional fala mais alto e a gente consegue separar a profissão da emoção.
Confesso que, desde quinta feira passada estou extremamente emocionado com a notícia de um assassinato que aconteceu na periferia de Rio Pardo. Uma menina de 12 anos, foi morta a facadas por alguém que a polícia ainda não sabe quem é. Marciele Freitas Pinheiro, como fazia todos os dias, saiu de casa bem cedo para ir ao colégio. Ela estava na sétima série. Para encurtar caminho, ela pegava um corredor que diminuía em 10 minutos sua caminhada diária. Leva a mochila com livros e cadernos e um telefone celular. Foi por ele que ela falou com a mãe, que mora no interior do municio, cinco minutos depois de sair da casa de uma tia. Não chegou à escola e ninguém mais soube dela até que seu irmão, no início da noite, resolveu seguir pelo corredor e encontrou o corpo da irmã. Marciele tinha várias marcas de facadas no pescoço e no tórax. O celular havia desaparecido.
Uma menina de 12 anos, que não tinha namorado, que não gostava de festas e que se dedicava aos estudos, estava morta sem que ninguém saiba explicar o motivo.
Li a notícia várias vezes, acho que na esperança impossível de que não fosse verdade. Pensei na minha filha de 11 anos e nas filhas de tantas pessoas que saem de casa para estudar, algumas até para trabalhar, e não voltam mais. Acabam morrendo, na maioria das vezes, sem nenhum motivo. Se é que existe motivo para que alguém mate uma pessoa.
Marciele, de 12 anos, bonita e começando a viver, morreu vítima de alguém para quem a v ida não deve ter nenhum valor. Existem pessoas que matam por matar ou para roubar, quem sabe, um celular, como o de Marciele.
Passei o final de semana inteiro esperando ler a notícia de que haviam identificado o assassino. Tenho absoluta convicção de que, quando for encontrado, na teremos nenhuma dúvida de estarmos diante de um ser monstruoso.

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