Um ser monstruoso
Sou jornalista faz mais de 50 anos. Já convivi com todo o tipo de
matéria, já cobri acontecimentos fatos marcantes e consegui, graças ao
profissionalismo exigido pela profissão, ficar ausente, ou quase, do intimo das
questões. Por mais fundo que se entre em alguma matéria, o lado profissional
fala mais alto e a gente consegue separar a profissão da emoção.
Confesso que, desde quinta feira passada estou extremamente
emocionado com a notícia de um assassinato que aconteceu na periferia de Rio
Pardo. Uma menina de 12 anos, foi morta a facadas por alguém que a polícia
ainda não sabe quem é. Marciele Freitas Pinheiro, como fazia todos os dias,
saiu de casa bem cedo para ir ao colégio. Ela estava na sétima série. Para
encurtar caminho, ela pegava um corredor que diminuía em 10 minutos sua
caminhada diária. Leva a mochila com livros e cadernos e um telefone celular.
Foi por ele que ela falou com a mãe, que mora no interior do municio, cinco
minutos depois de sair da casa de uma tia. Não chegou à escola e ninguém mais
soube dela até que seu irmão, no início da noite, resolveu seguir pelo corredor
e encontrou o corpo da irmã. Marciele tinha várias marcas de facadas no pescoço
e no tórax. O celular havia desaparecido.
Uma menina de 12 anos, que não tinha namorado, que não gostava de
festas e que se dedicava aos estudos, estava morta sem que ninguém saiba
explicar o motivo.
Li a notícia várias vezes, acho que na esperança impossível de
que não fosse verdade. Pensei na minha filha de 11 anos e nas filhas de tantas
pessoas que saem de casa para estudar, algumas até para trabalhar, e não voltam
mais. Acabam morrendo, na maioria das vezes, sem nenhum motivo. Se é que existe
motivo para que alguém mate uma pessoa.
Marciele, de 12 anos, bonita e começando a viver, morreu vítima
de alguém para quem a v ida não deve ter nenhum valor. Existem pessoas que
matam por matar ou para roubar, quem sabe, um celular, como o de Marciele.
Passei o final de semana inteiro esperando ler a notícia de que
haviam identificado o assassino. Tenho absoluta convicção de que, quando for
encontrado, na teremos nenhuma dúvida de estarmos diante de um ser monstruoso.
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