domingo, 8 de dezembro de 2019



38ª RODADA
08 de dezembro

Domingo – 08
16 horas
Internacional 2 X 1 Atlético MG – Beira Rio
Goiás 3 X 2 Grêmio – Serra Dourada
Cruzeiro 0 X 2 Palmeiras – Mineirão
Fortaleza 2 X 1 Bahia – Castelão
Corinthians 1 X 2 Fluminense – Arena Corinthians
Santos 4 X 0 Flamengo – Vila Belmiro
Vasco 1 X 1 Chapecoense – Maracanã
Botafogo 1 X 1 Ceará – Engenhão
Avaí 0 X 0 Athlético PR – Ressacada
CSA 1 X 2 São Paulo – Rei Pelé
CLASSIFICAÇÃO


Economia reage e avaliação do governo 
Bolsonaro melhora, diz Datafolha
Os sinais de recuperação da atividade econômica no Brasil ajudaram a frear a perda de popularidade d​o presidente Jair Bolsonaro, segundo pesquisa do Datafolha. A taxa de ótimo ou bom à sua administração oscilou de 29% para 30% na primeira semana de dezembro, dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A taxa de reprovação, que tinha crescido de 30% para 38% em agosto desde a posse de Bolsonaro, agora recuou para 36%. Ainda segundo o levantamento, 43% acham que a economia vai melhorar nos próximos meses, contra 40% que pensavam assim na pesquisa anterior. O Datafolha entrevistou 2.948 pessoas em 176 municípios do país nos últimos dias 5 e 6 de dezembro.

Atos em todo Brasil pedem que 2.ª instância 
seja votada antes do recesso
Manifestações em todo o Brasil neste domingo (8) pedem a votação da prisão após condenação em segunda instância no Congresso antes do recesso parlamentar, marcado oficialmente para 23 de dezembro. O ato chamado de “sem segunda instância, sem férias” foi convocado para este domingo pelo movimento Vem Pra Rua com apoio do Movimento Brasil Livre (MBL). Mais de 100 cidades confirmaram atos em diferentes horários.

Em São Paulo, a concentração vai ocorrer na Avenida Paulista, às 15h. Já no Rio de Janeiro, a manifestação será às 10h, em Copacabana. Manifestantes se reúnem m frente ao Congresso, em Brasília, às 10h. Em Curitiba o ato está marcado para as 15h, na Boca Maldita. Em Porto Alegre, a manifestação acontece no Parcão, à tarde.



Desigual

A igualdade não é um direito – é o resultado 
do que o cidadão aprendeu

Vamos combinar uma coisa, desde já: ainda não foi inventada neste mundo uma maneira mais eficaz de concentrar renda, preservar a pobreza e promover a desigualdade do que negar ao povo jovem uma educação decente – apenas decente, só isso. Vamos combinar mais uma coisa: só há uma chance na vida de adquirir os conhecimentos básicos para a melhoria da condição social de quem nasceu pobre, e essa chance é a escola básica.

Se for perdida, ela não volta nunca mais; é perfeitamente inútil ficar falando em “resgate da pobreza”, “ascensão social”, “mais igualdade” e outros requisitos para um “mundo mais justo” depois que o garoto saiu da escola e não aprendeu o que deveria ter aprendido. Não é preciso ser nenhuma Finlândia, Cingapura e outros parques temáticos sociais que enfeitam nosso planeta. Basta o cidadão aprender o suficiente para fazer as operações essenciais da matemática, distinguir física de química e entender o que leu numa página escrita em linguagem corrente.

Há um acordo geral sobre essas realidades? Se houver, é bom já ir se acostumando com o seguinte fato: praticamente todas as ideias que circulam por aí para melhorar o Brasil são a mais pura e lamentável perda de tempo.

O que adianta esquentar a cabeça discutindo se o deputado Rodrigo Maia vai salvar a República dos perigos da “polarização”? Ou se os gigantes da nossa “engenharia política”, seja isso lá o que for, vão bater um suco de Lula com Luciano Huck, misturar tudo o que há no meio, e tirar daí o segredo do centro-esquerda-moderado-sociológico-popular que vai levar os 200 milhões de brasileiros direto para o céu? Adianta três vezes zero.

Não vai adiantar nunca, quando ninguém mais se lembra, entre todos os condes e viscondes da política e das classes intelectuais deste País, da calamidade social que nos foi anunciada há menos de uma semana. Que calamidade? Coisa simples: na última e mais respeitada avaliação da qualidade da educação no mundo, feita em 2018 em 79 países, o Brasil ficou entre os 20 piores. Nossos jovens, para resumir a ópera, não sabem nada de matemática, ciências e leitura – ou nada que preste para alguma coisa realmente útil. Não há horizonte viável num país assim, é claro. Mas como ninguém está ligando, é assim que o País vai continuar. 

Mudar como, se a elite que se diz responsável, pensante e equilibrada continua achando que o grande problema da educação no Brasil é o ministro Weintraub? Que diabo ele tem a ver com o desastre dos últimos 30 ou 40 anos – mesmo que seja o pior ministro de Educação do mundo?

Vamos continuar nos queixando, nas mesas-redondas de televisão e nas palestras para empresários, que o Brasil é um país injusto, que temos de “distribuir renda”, que é preciso dialogar com as “comunidades”, etc. etc – mas ninguém quer ensinar a moçada a somar fração, perceber o que é um átomo ou entender o que está escrito num texto de quinze linhas, mesmo porque há uma multidão que não sabe escrever um texto de quinze linhas.

É inútil, como fazem nove entre dez políticos, comunicadores e cientistas sociais, querer que as pessoas tenham igualdade nos resultados quando não são iguais nos méritos. Não há como ser igual nos méritos, ao mesmo tempo, se o sujeito que sabe menos não teve oportunidades iguais de aprender as coisas que foram aprendidas pelo sujeito que sabe mais.

É tolo supor que quem sabe menos pode ganhar o mesmo que quem sabe mais, ou ter as mesmas recompensas na vida – tão tolo como achar que você vai ser contratado pelo Real Madrid porque joga futebol com a turma do prédio. A igualdade não é um direito – é o resultado do que o cidadão aprendeu. Não há “políticas públicas”, nem “vontade política”, que possam resolver isso.

J R Guzzo
Estadão – 08.12.2019



Chorando pelo ladrão

O pacote anticrime de Sergio Moro foi aprovado na Câmara dos Deputados e o Brasil reagiu fazendo o que melhor sabe fazer: chorar. Teve o choro de alegria triunfal dos parasitas, delinquentes de boa aparência e ex-liberais com cara de nojo que saíram avisando ao mundo que Sergio Moro “perdeu”. E teve o choro profissional dos que vivem de alardear que a Lava Jato está morrendo. Enfim, foi uma choradeira.

Em seus cinco anos de vida, a Lava Jato já morreu 58 vezes e meia, o que dá mais de 10 mortes por ano – sempre nos braços comovidos dos que dizem amá-la. É muito sofrimento. Essas viúvas justiceiras, que estão aí fazendo coro com a bandidagem e dizendo que Sergio Moro “perdeu”, passaram o ano de 2019 avisando dia sim e outro também que o mesmo Moro ia pular fora do governo, ia abortar a missão de ministro da Justiça porque estava isolado, desgastado, indisposto, traído, decepcionado, deprimido, demissionário e talvez à beira do suicídio.

Eles não erram nunca.

O dramalhão está comovente, mas vamos dar uma segurada no vale de lágrimas com uma notícia não tão emocionante, e um pouco desagradável: Sergio Moro venceu. O pacote anticrime é o início de uma ampla reforma legislativa para combater o crime de forma mais eficaz – e a largada foi dada. Como já dito, as cassandras previam que Moro nem se sustentaria no cargo, muito menos proporia avanços na lei, e se por um acaso remoto chegasse a esse ponto seria devidamente neutralizado e engolido pelas raposas do Congresso, etc. Sabem tudo.

De fato os Maias, Alcolumbres e parasitas associados tentaram de tudo para fritar Sergio Moro – e as viúvas lamuriantes bailavam entre manchetes encomendadas noticiando o derretimento do ex-juiz. Nenhum desses – nem os sabotadores, nem os que se dizem a favor – sabe de quem estão falando. Moro é hoje o maior símbolo da lei no país, da justiça para todos, e o seu senso de estratégia para usar essa imensa força política torna todos os demais citados crianças de escola.

Ele sabia perfeitamente que o pacote iria levar mordidas e tabefes. E que isso seria só o começo da guerra. Na cabeça dos vendedores de angústia e fracasso, Moro iria aterrissar no parlamento com uma varinha de condão e moralizar tudo num fim de semana. Se não for assim, não serve – o mal venceu, o governo fez acordo com os corruptos (o fetiche máximo das cassandras) e o herói da Lava Jato foi amaciado. Eles não têm ideia do que foi (e é) a Operação Lava Jato.

A quantidade de rasteiras que atingiram a força tarefa antes dela se tornar a operação de justiça mais vitoriosa da história levaria essa gente que chora ao desespero. Jamais serão capazes de entender que a cada embate – seja qual for seu resultado imediato – Sergio Moro e sua missão só se fortalecem, sujeitando os parasitas ao seu jogo e multiplicando seu capital político com o engajamento cada vez maior da população. Ah, mas não aprovou a prisão em segunda instância... Ah, mas desidrataram o pacote...

Desidratado está o discernimento dessas pessoas que dizem apoiar a missão de Moro (o resto está só mentindo, como sempre). Sim, o pacote aprovado tem avanços valiosos, como o fim da progressão de regime para líderes de organizações criminosas, entre outros – mas tudo é muito pouco para os arautos da facilidade. A prisão preventiva está dificultada? Que esteja entre os pontos para se brigar no Senado – mas um mandado bem fundamentado continua suficiente para prender preventivamente. E para quem ficar obcecado com as brechas propícias à má fé, o melhor é nem sair de casa.

Vale um lembrete para o coral da lamúria: quando o STF liberou a prisão em segunda instância, a Lava Jato já tinha estourado a quadrilha do PT. Como pode? Eles não podiam prender após condenação em segunda instância? Eles não tinham o pacote anticrime intacto e embrulhado em papel de cetim dourado?

Não. O que eles tinham por todos os lados era essa mesma fracassomania de agora, que adora anunciar a derrota do mocinho e a vitória do bandido (isso ajuda à beça, vocês não têm noção) e que disse até o último instante que Sergio Moro não ia prender Lula, porque... Sei lá, porque cornetar é de graça e tem uns trouxas que aplaudem.

O que aconteceu você sabe. E é o mesmo que está acontecendo agora. Enquanto os chorões choram, Moro coordena a redução de todos os índices de criminalidade no país e avança com seu arrastão legalista – em sintonia com a Lava Jato que anuncia mais de 4 bilhões de reais já recuperados dos quadrilheiros. Economizem as lágrimas porque está só começando.

Guilherme Fiuza


Sinal dos tempos

Começou dezembro. Começou o fim do ano. E vai terminando o primeiro ano do novo governo. O que fica?

Taxa básica de juros a mais baixa da história da Selic. Inflação abaixo da meta. Contas externas equilibradas. Recuperação da maior recessão da história. Ainda endividamento público altíssimo, por causa de um estado gordíssimo. Reforma da Previdência feita, mas reformas tributária e administrativa ainda por fazer. Pacote anticrime e prisão em segunda instância ainda por fazer, deixando a impunidade como presente de Natal para assaltantes, corruptos e bandidos em geral.

As iniciativas do presidente, promessas de campanha, ainda esbarram na lentidão do Legislativo, preso a uma cultura que demora a se atualizar.  Mas a cultura de um novo Brasil já derrubou os homicídios pelo empoderamento das leis e da polícia. Ninguém mais meteu a mão na Petrobrás, ou dos fundos dos Correios, ou no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. Não precisa de aval do líder do PT para fechar negócio com a Petrobras.


O BNDES voltou a ser banco nacional e não internacional para financiamento de ditaduras amigas. Estradas intermináveis por aditamentos contratuais agora são concluídas pelos batalhões de engenharia do Exército e atoladouros foram convertidos de asfalto bem construído. A divisão de poderes, característica da democracia, retornou ao sonho de Montesquieu: o Executivo não se mete no Judiciário nem no Legislativo e os respeita. Mas quem manda em ministério é o chefe do Executivo e não os chefes de partidos políticos.

A política externa se move pelo pragmatismo, entre Estados Unidos e China, entre árabes e israelenses, entre Mercosul e União Europeia. O interesse é o do Brasil, não de ideologia velha e fracassada, como a que inventava o Mais Médicos para financiar a ditadura sessentona. Embaixadas deixam de ser diretórios partidários, como a que abrigou Zelaya em Honduras.

Não se compram jornais, como quando estourou o mensalão e se pretendia alugar a omissão ao custo de um punhado de publicidade com os impostos de todos. Não se conseguiu ainda deixar escolas sem partido, universidades federais sem a velha ideologia falida – esse será um resgate demorado, num deserto de ideias, inçado por raízes de maus frutos.

Governo conservador nos costumes e liberal na economia. Fórmula de fortalecimento moral de um país que aspira a ordem que leva ao progresso. De outro, a liberdade econômica, que gera pesquisa, trabalho, tecnologia, produtividade e distribuição da renda pela mão invisível do mercado.

Também foi um ano de choro e ranger de dentes dos derrotados, que vivem de disse-me-disse, como candinhas lavadeiras. A militância agarra-se a novas matrizes, inventadas pela orfandade da esquerda americana, depois do fim da mãe Kremlin. Seus porta-vozes agitam bandeiras exóticas que empalidecem, divorciadas dos brasileiros que já não aguentam tanto engodo. Tudo isso pode ser sinal do fim de décadas de desmonte de valores nacionais, familiares e pessoais. E prenúncio da alvorada de novos  tempos.

Alexandre Garcia