domingo, 8 de dezembro de 2019



Chorando pelo ladrão

O pacote anticrime de Sergio Moro foi aprovado na Câmara dos Deputados e o Brasil reagiu fazendo o que melhor sabe fazer: chorar. Teve o choro de alegria triunfal dos parasitas, delinquentes de boa aparência e ex-liberais com cara de nojo que saíram avisando ao mundo que Sergio Moro “perdeu”. E teve o choro profissional dos que vivem de alardear que a Lava Jato está morrendo. Enfim, foi uma choradeira.

Em seus cinco anos de vida, a Lava Jato já morreu 58 vezes e meia, o que dá mais de 10 mortes por ano – sempre nos braços comovidos dos que dizem amá-la. É muito sofrimento. Essas viúvas justiceiras, que estão aí fazendo coro com a bandidagem e dizendo que Sergio Moro “perdeu”, passaram o ano de 2019 avisando dia sim e outro também que o mesmo Moro ia pular fora do governo, ia abortar a missão de ministro da Justiça porque estava isolado, desgastado, indisposto, traído, decepcionado, deprimido, demissionário e talvez à beira do suicídio.

Eles não erram nunca.

O dramalhão está comovente, mas vamos dar uma segurada no vale de lágrimas com uma notícia não tão emocionante, e um pouco desagradável: Sergio Moro venceu. O pacote anticrime é o início de uma ampla reforma legislativa para combater o crime de forma mais eficaz – e a largada foi dada. Como já dito, as cassandras previam que Moro nem se sustentaria no cargo, muito menos proporia avanços na lei, e se por um acaso remoto chegasse a esse ponto seria devidamente neutralizado e engolido pelas raposas do Congresso, etc. Sabem tudo.

De fato os Maias, Alcolumbres e parasitas associados tentaram de tudo para fritar Sergio Moro – e as viúvas lamuriantes bailavam entre manchetes encomendadas noticiando o derretimento do ex-juiz. Nenhum desses – nem os sabotadores, nem os que se dizem a favor – sabe de quem estão falando. Moro é hoje o maior símbolo da lei no país, da justiça para todos, e o seu senso de estratégia para usar essa imensa força política torna todos os demais citados crianças de escola.

Ele sabia perfeitamente que o pacote iria levar mordidas e tabefes. E que isso seria só o começo da guerra. Na cabeça dos vendedores de angústia e fracasso, Moro iria aterrissar no parlamento com uma varinha de condão e moralizar tudo num fim de semana. Se não for assim, não serve – o mal venceu, o governo fez acordo com os corruptos (o fetiche máximo das cassandras) e o herói da Lava Jato foi amaciado. Eles não têm ideia do que foi (e é) a Operação Lava Jato.

A quantidade de rasteiras que atingiram a força tarefa antes dela se tornar a operação de justiça mais vitoriosa da história levaria essa gente que chora ao desespero. Jamais serão capazes de entender que a cada embate – seja qual for seu resultado imediato – Sergio Moro e sua missão só se fortalecem, sujeitando os parasitas ao seu jogo e multiplicando seu capital político com o engajamento cada vez maior da população. Ah, mas não aprovou a prisão em segunda instância... Ah, mas desidrataram o pacote...

Desidratado está o discernimento dessas pessoas que dizem apoiar a missão de Moro (o resto está só mentindo, como sempre). Sim, o pacote aprovado tem avanços valiosos, como o fim da progressão de regime para líderes de organizações criminosas, entre outros – mas tudo é muito pouco para os arautos da facilidade. A prisão preventiva está dificultada? Que esteja entre os pontos para se brigar no Senado – mas um mandado bem fundamentado continua suficiente para prender preventivamente. E para quem ficar obcecado com as brechas propícias à má fé, o melhor é nem sair de casa.

Vale um lembrete para o coral da lamúria: quando o STF liberou a prisão em segunda instância, a Lava Jato já tinha estourado a quadrilha do PT. Como pode? Eles não podiam prender após condenação em segunda instância? Eles não tinham o pacote anticrime intacto e embrulhado em papel de cetim dourado?

Não. O que eles tinham por todos os lados era essa mesma fracassomania de agora, que adora anunciar a derrota do mocinho e a vitória do bandido (isso ajuda à beça, vocês não têm noção) e que disse até o último instante que Sergio Moro não ia prender Lula, porque... Sei lá, porque cornetar é de graça e tem uns trouxas que aplaudem.

O que aconteceu você sabe. E é o mesmo que está acontecendo agora. Enquanto os chorões choram, Moro coordena a redução de todos os índices de criminalidade no país e avança com seu arrastão legalista – em sintonia com a Lava Jato que anuncia mais de 4 bilhões de reais já recuperados dos quadrilheiros. Economizem as lágrimas porque está só começando.

Guilherme Fiuza


Sinal dos tempos

Começou dezembro. Começou o fim do ano. E vai terminando o primeiro ano do novo governo. O que fica?

Taxa básica de juros a mais baixa da história da Selic. Inflação abaixo da meta. Contas externas equilibradas. Recuperação da maior recessão da história. Ainda endividamento público altíssimo, por causa de um estado gordíssimo. Reforma da Previdência feita, mas reformas tributária e administrativa ainda por fazer. Pacote anticrime e prisão em segunda instância ainda por fazer, deixando a impunidade como presente de Natal para assaltantes, corruptos e bandidos em geral.

As iniciativas do presidente, promessas de campanha, ainda esbarram na lentidão do Legislativo, preso a uma cultura que demora a se atualizar.  Mas a cultura de um novo Brasil já derrubou os homicídios pelo empoderamento das leis e da polícia. Ninguém mais meteu a mão na Petrobrás, ou dos fundos dos Correios, ou no Banco do Brasil e na Caixa Econômica. Não precisa de aval do líder do PT para fechar negócio com a Petrobras.


O BNDES voltou a ser banco nacional e não internacional para financiamento de ditaduras amigas. Estradas intermináveis por aditamentos contratuais agora são concluídas pelos batalhões de engenharia do Exército e atoladouros foram convertidos de asfalto bem construído. A divisão de poderes, característica da democracia, retornou ao sonho de Montesquieu: o Executivo não se mete no Judiciário nem no Legislativo e os respeita. Mas quem manda em ministério é o chefe do Executivo e não os chefes de partidos políticos.

A política externa se move pelo pragmatismo, entre Estados Unidos e China, entre árabes e israelenses, entre Mercosul e União Europeia. O interesse é o do Brasil, não de ideologia velha e fracassada, como a que inventava o Mais Médicos para financiar a ditadura sessentona. Embaixadas deixam de ser diretórios partidários, como a que abrigou Zelaya em Honduras.

Não se compram jornais, como quando estourou o mensalão e se pretendia alugar a omissão ao custo de um punhado de publicidade com os impostos de todos. Não se conseguiu ainda deixar escolas sem partido, universidades federais sem a velha ideologia falida – esse será um resgate demorado, num deserto de ideias, inçado por raízes de maus frutos.

Governo conservador nos costumes e liberal na economia. Fórmula de fortalecimento moral de um país que aspira a ordem que leva ao progresso. De outro, a liberdade econômica, que gera pesquisa, trabalho, tecnologia, produtividade e distribuição da renda pela mão invisível do mercado.

Também foi um ano de choro e ranger de dentes dos derrotados, que vivem de disse-me-disse, como candinhas lavadeiras. A militância agarra-se a novas matrizes, inventadas pela orfandade da esquerda americana, depois do fim da mãe Kremlin. Seus porta-vozes agitam bandeiras exóticas que empalidecem, divorciadas dos brasileiros que já não aguentam tanto engodo. Tudo isso pode ser sinal do fim de décadas de desmonte de valores nacionais, familiares e pessoais. E prenúncio da alvorada de novos  tempos.

Alexandre Garcia

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