Muitos torcem contra
governo
por medo de mudanças
positivas
O governo Bolsonaro chega
ao término de seu primeiro ano de mandato, e há muita gente torcendo contra. É
preciso separar o joio do trigo aqui, aquele que faz críticas pontuais
construtivas, legítimas, daqueles que, por ideologia ou defesa de interesses,
atacam o presidente por qualquer coisa, real ou imaginária, procurando pelo em
ovo ou, quando nada encontra, inventando problemas ou distorcendo a realidade.
J.R. Guzzo publicou em sua
coluna deste domingo no Estadão um texto sobre essa turma que bate em
Bolsonaro, mas no fundo teme aquilo que ele pode deixar de melhor como legado:
um Brasil diferente, sem tantas estatais, sem tantos esquemas de corrupção no
seio da máquina pública. Como as bonecas russas, batem na bonecona aparente,
mas o alvo real é o que pode dar certo mesmo. "Pode ser um país de
pesadelo para muita gente. Um dia, daqui a três ou a sete anos, forçosamente
não haverá mais Bolsonaro. Mas e se também não houver mais, nessa época, o
Banco do Brasil?", pergunta.
Guzzo traça um paralelo
com aquilo que ficou como legado positivo de FHC: "O presidente
Fernando Henrique, por exemplo, deixou um Brasil sem inflação, sem bancos
estaduais que funcionavam como Casas da Moeda pessoais dos governadores e sem
filas para comprar telefones". Há sempre a turma do atraso, que luta para
impedir avanços e preservar o status quo.
Uma reportagem da Gazeta
do Povo ilustra esse ponto: "2019, o ano em que o cinema nacional precisou
aprender a caminhar sem a Ancine". "Euforia de um lado, incerteza do
outro. Para o setor audiovisual brasileiro, o ano de 2019 está chegando ao fim
marcado por sentimentos opostos", começa o texto. O fato é que, no Brasil,
são vários os setores que precisam desmamar do governo e aprender a andar com
as próprias pernas. Tal como um dependente químico, muitos empresários se
acostumaram a só caminhar com as muletas estatais, com protecionismo,
subsídios, verbas públicas, incentivos de toda sorte. É hora de cortar esse
cordão umbilical entre estado e empresas.
Ricardo Rangel, na coluna
"Experiência e expectativas" publicada no GLOBO, distorce tudo,
recusa-se a enxergar as mudanças boas da atual gestão, exagera nos defeitos, e
termina entregando o que realmente assusta muita gente: o "desmonte"
do estado, i.e., fim de mamatas e tetas. Bolsonaro tem muitos defeitos sim, e
merece críticas. Mas é inegável que muitos o ataquem por suas qualidades, não
defeitos. O que não querem é essa guinada liberal, que coloca em xeque o
establishment dependente de um estado hipertrofiado.
Rodrigo Constantino
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