Dados otimistas sobre o
futuro
da economia no Brasil
Se o governo está otimista
com uma retomada mais forte da economia a partir do ano que vem, há pelo menos
oito dados que reforçam essa tese. A expectativa é de que o crescimento
econômico de 2020 será "substancialmente” superior ao observado nos últimos
anos, puxado, principalmente, pelo setor privado. A projeção oficial do
ministério da Economia é de que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,32%, mas
o número deve ser revisto para cima, ficando entre 2,5% a 3%.
Se confirmada, será a
maior taxa de crescimento da economia brasileira desde 2014, quando começou a
recessão, que durou até o fim de 2016. Em 2017 e 2018, apesar de o Brasil ter
saído da crise, o PIB cresceu apenas 1% e 1,1%, respectivamente. Neste ano, o
desempenho deve ser semelhante. Dados do último Boletim Focus, do Banco
Central, apontam para crescimento de 1,1%.
Já para
2020, as instituições financeiras acreditam que a economia pode avançar em
2,24%. Divulgado no Boletim Focus, o número está revisado para cima
semanalmente, fruto dos bons indicadores econômicos em algumas áreas, da taxa
de juros baixa e da agenda de reformas macroeconômicas em andamento. Há quatro
semanas, por exemplo, o mercado esperava um crescimento de 2,08% para o próximo
ano.
Taxa de
juros
O Comitê de
Política Monetário (Copom) do Banco Central deu continuidade neste ano à
política de redução da taxa básica de juros, a Selic. A taxa, que estava em
6,5% no começo no ano caiu para 4,5% na última revisão feita pela autoridade
monetária. É o patamar mais baixo na série histórica.
Em geral,
juros mais baixos tornam o crédito mais barato, estimulando investimentos e o
consumo de bens duráveis. O efeito da queda de juros demora, normalmente, de
seis a nove meses para se refletir na economia, o que indica que em 2020 o
Brasil sentirá os efeitos positivos da taxa Selic mais baixa da história.
Demanda
industrial em alta
O Indicador
Ipea Mensal de Consumo Aparente de Bens Industriais iniciou o quarto trimestre
do ano com alta de 1,8%, na comparação com setembro. Foi a segunda alta pelo
segundo mês consecutivo. Com esse resultado, o trimestre móvel encerrado em
outubro registrou crescimento de 2,4%.
Basicamente,
o indicador calcula tudo que foi produzido pela indústria no país, mas não foi
exportado – ou seja, ficou para consumo interno (ou estoques) –, e adiciona as
importações. É ele que mostra como está a demanda interna por bens materiais.
Foi a primeira vez no ano que indicador teve duas altas consecutivas, ensaiando
uma retomada.
PIB do agro
O setor
agropecuário deve crescer mais do que o esperado no próximo ano, avalia o
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). A previsão é que o PIB do
setor avance de 3,2% a 3,7%. Os valores projetados são mais do que o dobro do
esperado para este ano: 1,4%.
As
expectativas otimistas se justificam porque, para 2020, é esperada a maior
safra da história. Segundo o Ipea, a soja, o segmento com maior peso, vem sendo
o principal produto agroindustrial da pauta de exportação, se beneficiando da
guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, e da baixa nos estoques do
grão no país asiático.
Outro
segmento que deve se destacar no próximo ano é a pecuária. Segundo o Ipea, em
2020, a pecuária deve apresentar um recorde de produção no país, impulsionada
principalmente pelo aumento na demanda de países como China, Hong Kong e
Emirados Árabes.
PIB do setor
privado
Dados do PIB
do terceiro trimestre de 2019, divulgado pelo IBGE, mostram que o setor privado
vem ensaiando uma retomada. O componente do PIB que mede o investimento privado
é a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Ele computa investimentos feitos
pelas empresas em máquinas e equipamentos. Segundo o IBGE, esse indicador subiu
2% no terceiro trimestre em comparação ao trimestre anterior e 2,9% em relação
ao mesmo trimestre do ano anterior.
Confiança
indústria
O Índice de
Confiança da Indústria (ICI), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), atingiu 96,3 pontos em novembro, o maior
nível desde maio de 2018 (97,2 pontos). Se consideradas as médias móveis
trimestrais, o indicador subiu pela primeira vez desde março ao passar de 95,3
pontos para 95,5 pontos.
Segundo o
Ibre, a alta registrada foi bastante expressiva e disseminada em todos os
setores, puxada principalmente pelas expectativas positivas para a produção.
Porém, o indicador ainda permanece abaixo de 100 pontos, um patamar considerado
historicamente baixo.
Confiança do
serviço
Outro índice
de confiança que está melhorando é o do setor de serviços. Também medido pelo
Ibre/FGV, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) alcançou 95,0 pontos em
novembro, o maior nível desde fevereiro deste ano (96,5 pontos). O setor de
serviços representa mais de 60% do PIB brasileiro. No terceiro trimestre deste
ano, ele foi o principal vetor de crescimento da economia doméstica, com alta
de 0,4% de julho a setembro.
Dívida
pública em queda
O governo
revisou, em dezembro, as suas projeções para a dívida pública brasileira para
um cenário mais otimista. O Tesouro Nacional projeta que a dívida bruta ficará,
neste ano, em 77,3% do PIB, ante 80,3%. Já para 2020, a estimativa da dívida
passou de 81,7% do para 78,2% do PIB. Em 2012, o percentual em relação ao PIB
deverá cair para 77,9%. A revisão aconteceu devido ao resultado acima do
esperado para o PIB do terceiro trimestre (0,6%) e também ao recebimento de
parte dos empréstimos que os governos de Dilma Rousseff (PT) fizeram ao BNDES.
Ao todo, o banco já devolveu R$ 123 bilhões aos cofres públicos.
Venda de
papelão ondulado
A venda de
papelão ondulado cresceu 4,15% em novembro, segundo a Associação Brasileira do
Papelão Ondulado (ABPO). Foi o melhor desempenho para o mês desde 2005. Com
isso, a venda atingiu 13.441 toneladas no ano, nível também recorde da série
histórica. O papelão ondulado é usado para fazer embalagens, como caixas, acessórios
ou chapa. Venda em alta desse produto significa que as pessoas estão consumindo
mais produtos. Por isso, ele também é considerado um indicador do desempenho da
economia.
Fonte:
Gazeta do Povo
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