A Síndrome de Sergio Moro
e a festa dos corruptos
A revelação de espionagem
criminosa em conversas entre o juiz presidente do inquérito da Lava Jato, em
Curitiba, e o procurador que comandou a equipe de investigadores na verdade
atinge o Judiciário - não atinge o Executivo. Mas fez a festa de corruptos em
potencial, futuros corruptos, corruptos do passado e do presente.
Querem enfraquecer Sergio
Moro. Eles têm a Síndrome de Sergio Moro, porque ele representa o juiz que
busca justiça para punir o crime contra o povo brasileiro. E tem o pacote
Anticrime dele. Eles dizem: “Será que esse pacote vai passar? Vamos fazer força
para não passar”.
O ministro, Luís Roberto
Barroso, no programa da Andréia Sadi [da Globo News] identificou isso. Ele
disse que esse anúncio criminoso fez com que a euforia tomasse conta dos
corruptos e seus parceiros. Mas é preciso ter cuidado para que o crime não
compense.
Devem ter gastado muito
dinheiro para pagar um hacker para fazer esse trabalho todo - aliás, há ameaças
dizendo “Temos mais”. Mas não colou. Porque, ao meio dia, o presidente da
Câmara já anunciava o seguinte:
“Vamos blindar a Câmara de
qualquer crise. Nosso esforço e nosso foco está na aprovação das reformas e
todos os [24] projetos que são essenciais para o país. Nada é mais importante
que o resgate da confiança, o equilíbrio das contas públicas e a geração de
empregos para o país”.
Em seguida, na Comissão
Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização, os deputados e senadores
aprovaram o pedido de crédito suplementar, de R$ 248,9 bilhões, para o
orçamento deste ano.
Ao mesmo tempo, o juiz
Sergio Moro, depois de ter falado com o presidente e de ter sido condecorado
com a Ordem do Mérito Naval - pessoalmente -, se ofereceu para ir ao Senado e
responder as perguntas. Ele vai lá no dia 19 de junho - uma quarta-feira.
Julgamento de Lula
Dia 25 deste mês será o
dia em que o plenário do Supremo deve examinar a prisão em segunda instância e
o pedido de liberdade de Lula que a turma não examinou. Isso, embora, os
ministros Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski tenham votado a favor da
liberdade.
De certa forma eles
aplaudiram esse vazamento, que eles chamaram de escândalo. Mas a gente sabe que
escândalo seria se a gente ouvisse as conversas de Gilmar Mendes no telefone.
Ou se as pessoas fossem lembrar do dia do julgamento da Dilma em que
Lewandowski presidiu uma sessão que rasgou a Constituição – no parágrafo único
§ do art. 52 -, que diz que presidente impedido é também punido com
inelegibilidade por oito anos. E ele conseguiu separar isso.
O advogado de Adélio
Um dos advogados de Adélio
Bispo, durante uma entrevista, disse que o primeiro pagamento dele foi feito
por uma pessoa que ele não conta. Mas os demais pagamentos e demais despesas
foram pagas por algumas emissoras de televisão que “eu não vou citar o nome”,
disse ele.
Foi um dia muito
movimentado. Mas a gente está esperando, ainda hoje, mais notícias e mais
movimento.
Por fim...
O general Villas Bôas, em
uma postagem no Twitter, disse: “A insensatez e o oportunismo tentam
esvaziar a Lava Jato. Reitero meu respeito e confiança ao juiz Sérgio Moro”.
Enfim, esse dia
movimentado ainda vai ter consequências. Vamos ver qual será a reação do
Judiciário contra esse vazamento, essa espionagem, essa violação de Direitos
Constitucionais.
Alexandre Garcia
Gazeta do Povo
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