O pacote microeconômico do
governo
Em meio a tantos
indicadores que patinam ou apontam para uma reversão, o Ministério da Economia
divulgou um dado positivo nesta sexta-feira: o país criou quase 130 mil vagas
de emprego em abril, o melhor resultado para o mês desde 2013. Um recorde
especialmente animador é o fato de ter havido saldo positivo em todas as cinco
regiões do país (apenas quatro estados cortaram vagas) e nos oito grandes
setores econômicos medidos, com destaque para os de serviços, indústria de
transformação e construção civil. Agora, o saldo de vagas para 2019 está em
313,8 mil novos postos de trabalho.
Mesmo assim, o desemprego
continua em níveis alarmantes. O dado mais recente do IBGE, do fim de abril,
apontava para uma taxa de 12,7% e 13,4 milhões de brasileiros à procura de
trabalho. Se mesmo com uma economia em ascensão os níveis de emprego são os
últimos a se recuperar, a quase estagnação que o Brasil vive pode significar
que o calvário de muitos brasileiros durará muito mais que o esperado,
aprofundando uma das heranças malditas do lulopetismo, a pior mazela
econômico-social deixada pela recessão de 2014 a 2016. Uma projeção do Banco
Itaú, por exemplo, afirma que a taxa de desemprego seguirá em dois dígitos até
2022.
As grandes reformas e as
medidas microeconômicas
andam juntas; o governo tem percebido isso
De olho no desemprego e na
perspectiva de que o PIB deste ano não cresça de forma satisfatória, o governo
federal trabalha em um novo pacote de medidas microeconômicas que pretendem
estimular a produtividade – um dos grandes gargalos brasileiros – e o consumo,
por meio da movimentação de recursos parados. Os planos desenhados dentro do
Ministério da Economia devem contemplar demandas antigas do setor produtivo,
como uma completa reformulação do eSocial, a ferramenta digital usada pelas
empresas para comunicar o governo sobre seu quadro de funcionários, que precisa
ser atualizada mensalmente e é considerada extremamente burocrática.
A campanha eleitoral foi
pautada principalmente pelas grandes reformas econômicas, como a da Previdência
e a tributária, mas o então candidato Jair Bolsonaro também já tinha prometido
“tirar o Estado do cangote” de quem produz, e as reformas microeconômicas
entraram no radar da equipe de Paulo Guedes já no período de transição. A
promessa de anunciar medidas de desburocratização periodicamente, feita logo no
início do mandato, não chegou a se cumprir, mas o governo recuperou boa parte
do tempo perdido com iniciativas como a MP da Liberdade Econômica, assinada em
30 de abril e cujas medidas, que atacam problemas dos mais variados, partem de
um princípio simples: a confiança na boa fé do empreendedor, ao contrário da
pesada regulação que pressupõe sempre as piores intenções da parte de quem
contrata.
Os novos investimentos
estão parados, à espera do desfecho das grandes reformas, especialmente a
previdenciária: ninguém, principalmente o investidor externo, vai colocar
dinheiro em um país cujo futuro fiscal é, na melhor das hipóteses,
imprevisível. Mas quem já colocou a mão na massa, trabalhando, investindo e
produzindo aqui, precisa ter retiradas as amarras desnecessárias que impedem o
crescimento e fazem do Brasil um lugar onde empreender é quase um ato de
bravura. As grandes reformas e as medidas microeconômicas andam juntas; o
governo tem percebido isso e trabalhado para fazer sua parte, começando a
desatar um emaranhado que atrasa o país. Esta pauta também tem de ser abraçada
pelo Congresso, que tem a responsabilidade de votar MPs como a da Liberdade
Econômica e também pode assumir a iniciativa nesta área, com projetos de lei
voltados à desburocratização.
Gazeta do Povo
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