segunda-feira, 20 de maio de 2019






Com reabertura de fronteira, venezuelanos 
compram até gasolina no Brasil

"Lá [na Venezuela] você não encontra nada. Não tem comida nem remédio, todos estão doentes, magros e passando fome. A solução é vir comprar aqui no Brasil e levar, mesmo pagando mais caro.” (Elwin Delgado, 32, soldador)

A reabertura da fronteira da Venezuela com o Brasil na última semana intensificou o fluxo de venezuelanos que cruzam a divisa entre os dois países para fazer compras em Pacaraima (RR) e gerou um fenômeno: os estrangeiros estão vindo ao país até para abastecer seus veículos com gasolina nacional.

O movimento permanece constante desde o momento em que o bloqueio foi retirado pelo governo do país vizinho e causou uma invasão de clientes venezuelanos no comércio da cidade fronteiriça.

As vendas de itens de cesta básica e materiais de construção foram rapidamente aquecidas com a presença dos compradores estrangeiros, segundo o representante da associação comercial e empresarial de Pacaraima, João Kléber Soares.

A circulação de dinheiro na cidade também impulsionou setores de alimentação, hotelaria, transportes e prestação de serviços logísticos, movimentando de R$ 500 mil a R$ 2 milhões diários.

"Já nos primeiros 15 dias de fronteira fechada o comércio aqui despencou. Houve demissões e alguns comércios fecharam as portas, tiraram férias. Alguns fecharam em definitivo, mas esses são empresários que a gente considera como aventureiros, de oportunidade, que estavam na cidade pelo movimento", disse Soares.


De acordo com Soares, a média de compradores em Pacaraima antes do fechamento da fronteira flutuava entre 800 a 1.200 pessoas diariamente, numa cidade de 15 mil habitantes, segundo o IBGE.

Nos meses de bloqueio, o número de clientes caiu para 400 a 650 pessoas. “Como temos muitos atacadistas e agora eles [venezuelanos] podem vir de carro, essa quantidade está voltando a ser como era até fevereiro", disse.

Gasolina brasileira

Além das vendas de mercadorias em armazéns, um fenômeno curioso ocorre na região. Desde sexta-feira (10), venezuelanos cruzam a fronteira para abastecer no único posto de combustíveis de Pacaraima, aberto há apenas dois meses, logo após o bloqueio da passagem.

O frentista João Paulo Queiroz, que trabalha no local, disse que desde a reabertura 8 em cada 10 clientes são do país vizinho, dispostos a pagar R$ 4,95 pelo litro da gasolina e R$ 4,25 pelo diesel. "Eles vêm, enchem o tanque e levam para o outro lado. A maioria vem de Santa Elena, mas tenho atendido muito garimpeiro de lá que leva uns dois galões a mais", disse.

Antes disso, o fluxo acontecia no sentido contrário: brasileiros tradicionalmente formavam filas quilométricas em carros de passeio e carga para abastecer os veículos em um posto gerenciado pelo governo venezuelano localizado próximo à linha de fronteira, a um preço mais barato que o vendido em Roraima.

Com Gazeta do Povo

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