Com reabertura de
fronteira, venezuelanos
compram até gasolina no Brasil
"Lá [na Venezuela]
você não encontra nada. Não tem comida nem remédio, todos estão doentes, magros
e passando fome. A solução é vir comprar aqui no Brasil e levar, mesmo pagando
mais caro.” (Elwin Delgado, 32, soldador)
A reabertura da fronteira
da Venezuela com o Brasil na última semana intensificou o fluxo de venezuelanos
que cruzam a divisa entre os dois países para fazer compras em Pacaraima (RR) e
gerou um fenômeno: os estrangeiros estão vindo ao país até para abastecer seus
veículos com gasolina nacional.
O movimento permanece constante
desde o momento em que o bloqueio foi retirado pelo governo do país vizinho e
causou uma invasão de clientes venezuelanos no comércio da cidade fronteiriça.
As vendas de itens de
cesta básica e materiais de construção foram rapidamente aquecidas com a
presença dos compradores estrangeiros, segundo o representante da associação
comercial e empresarial de Pacaraima, João Kléber Soares.
A circulação de dinheiro
na cidade também impulsionou setores de alimentação, hotelaria, transportes e
prestação de serviços logísticos, movimentando de R$ 500 mil a R$ 2 milhões
diários.
"Já nos primeiros 15
dias de fronteira fechada o comércio aqui despencou. Houve demissões e alguns
comércios fecharam as portas, tiraram férias. Alguns fecharam em definitivo,
mas esses são empresários que a gente considera como aventureiros, de
oportunidade, que estavam na cidade pelo movimento", disse Soares.
De acordo com Soares, a
média de compradores em Pacaraima antes do fechamento da fronteira flutuava
entre 800 a 1.200 pessoas diariamente, numa cidade de 15 mil habitantes,
segundo o IBGE.
Nos meses de bloqueio, o
número de clientes caiu para 400 a 650 pessoas. “Como temos muitos atacadistas
e agora eles [venezuelanos] podem vir de carro, essa quantidade está voltando a
ser como era até fevereiro", disse.
Gasolina brasileira
Além das vendas de
mercadorias em armazéns, um fenômeno curioso ocorre na região. Desde sexta-feira
(10), venezuelanos cruzam a fronteira para abastecer no único posto de
combustíveis de Pacaraima, aberto há apenas dois meses, logo após o bloqueio da
passagem.
O frentista João Paulo
Queiroz, que trabalha no local, disse que desde a reabertura 8 em cada 10
clientes são do país vizinho, dispostos a pagar R$ 4,95 pelo litro da gasolina
e R$ 4,25 pelo diesel. "Eles vêm, enchem o tanque e levam para o outro
lado. A maioria vem de Santa Elena, mas tenho atendido muito garimpeiro de lá
que leva uns dois galões a mais", disse.
Antes disso, o fluxo
acontecia no sentido contrário: brasileiros tradicionalmente formavam filas
quilométricas em carros de passeio e carga para abastecer os veículos em um
posto gerenciado pelo governo venezuelano localizado próximo à linha de
fronteira, a um preço mais barato que o vendido em Roraima.
Com Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário