A Polícia Federal concluiu
inquérito sobre supostos repasses ilícitos da Odebrecht ao MDB e concluiu que o
presidente Michel Temer recebeu da empreiteira propinas de ao menos R$ 1,43
milhão, por meio do coronel João Baptista Lima, seu amigo. Em relatório sobre o
caso, o delegado Thiago Machado Delabary sustenta que há indícios de que o
emedebista praticou os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O documento foi enviado
nesta quarta-feira (5) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Com base nas provas
apresentadas, o relator Edson Fachin deve encaminhar o caso à
Procuradoria-Geral da República (PGR). Teoricamente, Michel Temer, mesmo
investigado, não deverá ser denunciado enquanto estiver no cargo de presidente
da República, pois o entendimento já externado pela procuradora-geral Raquel
Dodge com base na Constituição é o de que um presidente não pode ser
responsabilizado por fatos anteriores ao mandato. O presidente já foi alvo de
duas denúncias movidas com base na delação da JBS, mas o Congresso suspendeu a
abertura da ação penal contra ele.
Além de Temer, a PF também
viu elementos de que dois de seus ministros – Eliseu Padilha (Casa Civil) e
Moreira Franco (Minas e Energia) – foram corrompidos. O inquérito foi
aberto após delatores da Odebrecht relatarem que, num jantar no Palácio do
Jaburu, acertaram com Temer e aliados o repasse ilícito de R$ 10 milhões em
recursos em 2014. O relatório também implica outros investigados, como o
candidato do MDB ao governo de São Paulo Paulo Skaf. "
No caso do presidente
Temer, a PF mapeou a entrega de R$ 1,4 milhão para João Baptista Lima Filho, o
coronel Lima, amigo do emedebista. Para sustentar a tese, a PF ouviu o doleiro
Alvaro Novis, responsável pelas entregas, e anexou uma conversa de telefone em
que o próprio Lima aparece em ligação para a empresa de Novis em um dos dias
das entrega dos valores.
“Pelo teor da conversa,
resta inconteste que, ao ser informado sobre a chegada da encomenda, João
Baptista Lima Filho informou que estava distante do local, solicitando que o
horário fosse remarcado para as 15h, informação essa que acabou se refletindo
nos diálogos mantidos via Skype”, diz trecho do relatório sobre a conversa.
A ligação para a empresa
do doleiro se deu às 10h25 de 19 de março de 2014. Cerca de uma hora depois, às
11h35, Lima ligou para um celular em nome de Temer e dois minutos depois de
falar com presidente, às 11h37, o amigo de Temer recebeu outra ligação da
empresa do doleiros responsável pelas entregas de valores.
Segundo a PF, esta última
ligação teve como “finalidade de confirmar a alteração do horário daquele dia,
assim como de ajustar os horários das entregas subsequentes, restando
estabelecido o intervalo entre 12h e 13h.” Logo após esta conversa, às 11h51,
Lima voltou a ligar para Temer com quem falou cerca de 5 minutos."
Gazeta do Povo
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