Quando eu estudava no
Grupo Escolar Mena Barreto, em São Gabriel, a Semana da Pátria, que estamos
vivendo neste momento, era completamente diferente. E já deixo claro que não
sou saudosista, que não se trata de ser contra a evolução nem de pensar que o
mundo teria que parar e voltar para o que era antes. Muito pelo contrário.
Na Semana da Pátria dos
meus tempos de estudante primário (era assim que se chamava) a gente desenhava
a Bandeira do Brasil, coloria o mapa, espalhava cartazes por toda a escola e, o
mais importante, todos os dias a gente chegava, ficava no pátio da escola e,
perfilado, cantava o Hino Nacional, que todos sabiam de cor, enquanto um aluno
por dia hasteava a Bandeira do Brasil. E todos faziam isso com muito orgulho.
Nos meus tempos de guri, a
gente aprendia a ser brasileiro e, o que é mais importante, a ter orgulho da
nossa Bandeira, de cantar com o peito aberto o Hino Nacional e de amar o
Brasil.
Todos nós sabíamos contar,
quando solicitados, a história da Independência, falar de Tiradentes, de Dom
Pedro, do grito às margens do Ipiranga. Nossos professores ensinavam que o
respeito pelos símbolos e pela história do Brasil, era da maior importância
para nosso futuro.
A gente sabia que teria
caminhos decididos pela vocação de cada um, mas sabia o quanto era importante
respeitar a Pátria e, com ela, os mais velhos, as tradições, a liberdade de
cada um.
Hoje, ao deixar a Gabriela
na faculdade, fiquei pensando em tudo isso e no quanto as coisas mudaram. Sei
que ela é uma menina, uma moça como ela se considera, inteligente, estudiosa,
mas que vive o seu tempo. E o tempo dela é completamente diferente do meu. E
não se trata de questão de idade, mas de mudanças no comportamento que passou a
ser exigido, aos poucos, principalmente dos mais jovens.
Hoje, com raríssimas exceções,
não se vê mais as bandeiras do Brasil tremulando na fachada das escolas, dos
prédios públicos e até de algumas casas. Pouquíssimos sabem a letra do Hino
Nacional. Cantar, então, nem pensar.
O respeito por nossos
símbolos maiores acabou juntamente com o respeito pela liberdade, pelas leis,
pela idade, pelos deficientes. Hoje, lamentavelmente, cada um vive por si e seja
lá o que Deus quiser!
Ao escrever, lembrei do
meu tempo no Mena Barreto, da Semana da Pátria, do uniforme (guarda pó) branco
e gravata azul, das meninas com um tope de fita na gola e todos nós, perfilados,
cantando o Hino e olhando, com orgulho, para a Bandeira do Brasil que assistia
imponentemente a festa que todos faziam para comemorar o grito de Dom Pedro:
Independência ou morte!
Que pena que hoje já não é
mais assim. Concordo que o progresso fez com que as coisas mudassem, mas não
precisava influir tanto na formação dos nossos jovens.
É o que penso!
Machado Filho
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