Governador Fernando Pimentel (PT) |
Foi logo após o 7 a 1, no
estádio do Mineirão, que a Santa Casa de Belo Horizonte fechou 15 de seus 170
leitos da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Já se passou outra Copa, mas
os leitos nunca mais foram abertos. A Santa Casa é um dos hospitais
filantrópicos de Minas Gerais que atendem pelo SUS e, por isso, dependem dos
pagamentos do governo do Estado. Em grave crise fiscal, porém, o Estado deve
hoje cerca de R$ 1 bilhão a essas instituições, de acordo com a federação dos
hospitais filantrópicos de Minas.
“Para internar ali, tenho
de ter certeza de que vou receber o pagamento”, diz o diretor de finanças do
hospital, Gonçalo Barbosa. “Na Copa passada, havia dinheiro. Os leitos foram
abertos para dar retaguarda.”
A saúde é a área que mais
vem sofrendo com o caos financeiro em que o Estado mergulhou, como admite o
próprio secretário da Fazenda de Minas, José Afonso Bicalho (leia mais ao
lado). Uma combinação de crise econômica, que freou a arrecadação, com explosão
da folha de pagamentos levou Minas à crise fiscal atual.
No ano passado, a
arrecadação de Minas ficou em R$ 57 bilhões, enquanto a folha de pagamentos
somou R$ 49,9 bilhões, o equivalente a 87,5% da receita tributária total. O
gasto com os inativos já representa 68% do total pago aos ativos. O Tribunal de
Contas do Estado já emitiu, no início deste ano, dois alertas ao governador
Fernando Pimentel (PT) por extrapolar limites de despesa com pessoal e com a
dívida do Estado.
Desde 2009, a folha de
pagamentos aumentou 163%. O pagamento de inativos avançou num ritmo ainda mais
acelerado: 233%. No mesmo intervalo, as receitas subiram 114%.
“Hoje, até o Rio está
melhor que Minas, porque aderiu ao programa de recuperação fiscal do governo
federal”, diz o economista Raul Velloso, especialista em contas públicas.
Segundo ele, o déficit da Previdência em Minas aumentou quase 300% em dez anos
e atingiu R$ 16 bilhões em 2017. A economista Ana Carla Abrão, ex-secretária da
Fazenda de Goiás em 2015 e 2016, vê em Minas o mesmo grau de colapso do Rio. “A
população vai sofrer daqui para frente, porque vai piorar.”
AE/
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