Com o avanço do vírus H1N1, o número de mortes por gripe neste
ano no Brasil quase triplicou em relação ao mesmo período do ano passado. São 839 vítimas, segundo dados do Ministério da
Saúde, até 14 de julho. Considerado mais agressivo, o tipo H1N1 do
vírus é o que mais circula no País. O total de óbitos já é 68% maior do que o
relatado em todo o ano de 2017.
O número de registro de
casos de gripe também aumentou: houve alta de 162% ante o mesmo período do ano
passado. De acordo com especialistas, também é comum haver subnotificação de
ocorrências menos graves.
Coordenador de Controle de
Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, o infectologista Marcos Boulos
explica que o tipo de vírus em circulação no País hoje é mais agressivo em
relação ao que circulou há um ano. “O H1N1 é mais agressivo. Mata em todas as
idades e o H3N2 (outro tipo de vírus) pega mais em idosos”, diz.
O Estado é o mais afetado.
Segundo o ministério, são 1.702 casos dos 4.680 de todo o País. E quase 40% das
mortes por gripe no Brasil foram registradas em São Paulo (320). Nem todos
óbitos são de pacientes com pelo menos um fator de risco (como gravidez,
diabete e velhice). Do total de mortos, um em cada quatro não se encaixa nesses
grupos mais vulneráveis.
Para o infectologista, é
possível que a transmissão tenha queda com a diminuição do frio. “Mas ainda não
começou a cair. Temos níveis altos de transmissão.” Só na capital, houve,
segundo a Prefeitura, 59 mortes até terça-feira da semana passada (42 delas por
H1n1) – ante 22 no mesmo período de 2017. A situação também preocupa no
interior.
Em Bauru, há um mês morreu o
mecânico Alberto Baroni, de 46 anos, deixando a mulher, Ângela, e três filhos.
“Não dá para acreditar. Bastou uma gripe forte e perdi meu marido.” Na cidade,
diz a prefeitura, são 27 casos este ano – a maior parte por H1N1. Das dez
mortes, 9 foram por esse subtipo.
Altamente contagiosa, a
gripe pode ser prevenida com a vacina. As doses disponíveis na rede pública
protegem contra os três subtipos do vírus (H1N1, H3N2 e influenza B). O País
conseguiu bater a meta de vacinar 90% do público-alvo este ano, após duas
prorrogações da campanha. Mas a cobertura vacinal não é homogênea. O
Centro-Oeste e o Nordeste foram as únicos regiões a atingir a meta. Norte,
Sudeste e Sul tiveram as menores coberturas, 86,6%, 86,9% e 88,6%,
respectivamente.
O público das gestantes e
das crianças entre 9 meses e 5 anos é o que mais preocupa. Entre as grávidas do
Estado, a cobertura é de só 70%. Já entre as crianças, é de 79%, ainda assim
abaixo da meta. Na capital paulista, a cobertura é ainda menor: 54,8% entre as
gestantes e 58,4% entre as crianças. No País, esses mesmos grupos não atingiram
o objetivo de proteção.
Agência Estado
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