O presidente Michel Temer anunciou,
na semana passada, sua pré-candidatura à reeleição, mas encontra dificuldades
de costurar alianças em torno de seu projeto com partidos que hoje são da base
do governo, como PSC, PRB, DEM, PP, SD e PSD, por exemplo. Diferentemente das
eleições presidenciais anteriores, em que as legendas se agrupavam em torno do
PT e do PSDB, desta vez a pulverização de aspirantes ao Palácio do Planalto
levará a uma fragmentação de apoios.
O presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, que é do
PSC, pediu
demissão na quinta-feira e anunciou que vai disputar a Presidência. O
empresário Flávio Rocha, executivo da Riachuelo, se filiou ao PRB a fim de
concorrer à chefia do poder Executivo. E o DEM, que fez uma dobradinha
importante com Temer após o processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff, já lançou oficialmente a pré-candidatura do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia. O DEM negocia apoio do PP e do SD. Ou seja, seriam três baixas de
uma só vez que saem do espectro de apoio ao PMDB no primeiro turno.
O PSD poderia ter lançado nome próprio no pleito
nacional. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, filiado à legenda desde
2011, estava disposto a concorrer pela legenda. Mas o presidente da sigla,
ministro Gilberto Kassab, não quis. A posição de Kassab, porém, não é de apoio
a Temer, pois está inclinado a fechar apoio ao tucano Geraldo Alckmin, em nome
de uma aliança em São Paulo. Como não terá chances de se lançar à disputa pelo
PSD, Meirelles anunciou ontem que vai se filiar ao PMDB no dia 3 de abril.
Além da negociação interna que haverá com Meirelles,
Michel Temer encontrará dificuldades ainda para ser recebido pelo próprio PMDB
em alguns estados. O Ceará é um exemplo emblemático. Peemedebista desde 1972, o
presidente do Senado, Eunicio Oliveira, diz que, se o ex-presidente Lula for
candidato, Temer não terá seu apoio, mesmo sendo seu amigo. Eunício frequenta o
Palácio do Jaburu e disse não ter ouvido nada de Temer sobre reeleição.
— Hoje (terça), almoçamos só nós dois no Palácio do
Planalto, falamos de política e ele não mencionou que será candidato. Comentou
comigo apenas sobre a filiação de Meirelles — disse Eunício.
Outro exemplo é Minas Gerais. A chapa ao governo estadual
deve ser composta por PT e PMDB, o que dificulta o nome de Temer estar presente
no material de campanha do candidato petista à reeleição, Fernando Pimentel. Há
problemas também em Alagoas, Paraíba, Pará e Amazonas. Nesses casos regionais,
o que o PMDB está tentando fazer é garantir ao menos que os diretórios
estaduais organizem palanques alternativos para Temer, com a presença de
deputados, senadores e outras lideranças locais.
No Rio, a saída do PMDB do ex-prefeito Eduardo Paes, que
é pré-candidato a governador, deixa incerto o palanque do candidato do
Planalto. Paes deve anunciar, na próxima semana, sua filiação ao PP. Auxiliares
de Temer minimizam a falta de base no estado, afirmando que o que conta mesmo é
o “palanque eletrônico”, ou seja, o horário eleitoral . O PMDB tem um dos
maiores tempos de TV.
— A prioridade até 7 de abril é fortalecer as nominatas
do partido (listas de candidatos a deputado federal e estadual) — disse o
ministro Leonardo Picciani (Esporte), que tem conduzido as articulações do
partido no Rio desde que seu pai, o presidente estadual do PMDB, Jorge
Picciani, foi preso.
Agência Globo
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