Tristeza do PT, alegria do PSDB*
Eliane Cantanhêde
Com o PT despencando e o PSDB tendo uma vitória inédita
em São Paulo e aumentando seu número de prefeituras no País, a eleição
municipal traz um dado político importante para 2018: os tucanos são os maiores
beneficiários da desgraça petista. Desde 1992, nenhum candidato venceu na
capital paulista sem passar pelo segundo turno, como João Doria agora. Foi uma
derrota do PT e uma super vitória do governador Geraldo Alckmin.
Depois de tudo o que aconteceu no País, é incrível como a
polarização PSDB-PT resiste, firme e forte, não apenas na capital, mas no
Estado de São Paulo. Na reta final, o eleitorado se concentrou nesses dois
polos e, no confronto direto, o antipetismo foi mais forte que a ojeriza aos
tucanos.
Empurrar o prefeito Fernando Haddad ao menos ao segundo
turno era quase uma questão de vida e morte para o PT, que foi o grande
derrotado no País e no interior paulista. No ABC, sai PT, entra PSDB. Um
arraso. Com Haddad vivo na disputa, os petistas teriam ânimo e discurso para
enfrentar a realidade adversa e os dedos em riste. Com Haddad fora, nem isso
sobrou.
De outro lado, Alckmin deu uma volta por cima
espetacular, depois de duas derrotas quando ele próprio disputou a prefeitura
da capital, em 2000 e 2008. Logo, os votos de ontem não foram só em Doria e
Alckmin, mas também contra o PT e num candidato que se apresenta como
“não-político”. Aliás, essa é uma dica para os candidatos em 2018.
Além de Alckmin, Aécio Neves também recupera o fôlego em
Minas: depois de perder em casa para Dilma Rousseff e entregar o governo do
Estado para o PT em 2014, Aécio leva o tucano João Leite ao segundo turno em
Belo Horizonte, onde o PT comeu poeira.
Já o Rio é, sempre, um caso à parte. PT e PSDB não
tiveram condições nem quadros para competir com alguma chance e o segundo turno
é entre dois extremos: Marcelo Crivela, do PRB e da Igreja Universal, e Marcelo
Freixo, do PSOL. A tendência clara: Crivela murcha, Freixo infla.
Em comum, São Paulo, Rio e Minas registraram uma abstenção
altíssima, de mais de 20%, que se reproduziu em todas as regiões. PT e PSDB
continuam digladiando entre si e há uma pulverização de partidos pelos
municípios, mas uma coisa é certa: o eleitorado está cansado, desconfiado e
desencantado. O PSDB sai bem, mas tem muito o que refletir.
*Publicado no Portal Estadão em 03/10/2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário