Adeli Sell*
“Pequenas coisas só
afetam as mentes pequenas” - Benjamin Disraeli
A primeira coisa que falei publicamente ao final da derrota
político-eleitoral na Capital foi que este resultado exige análises profundas.
Nada de panos quentes ou de ficar revoltado com cobranças. O momento é grave e
precisa ser analisado livre de amarguras e com os pés no chão. Nestes casos,
embora com cautela, temos que colocar o "dedo na ferida".
A nominata de vereadores do Partido dos Trabalhadores em Porto
Alegre foi a mais fraca de todos os tempos. Tivemos poucos candidatos e suamos
para cumprir a cota mínima de 30% de mulheres, o que nos fez, inclusive, passar
por cima da nossa decisão nacional de apresentar igualdade de gênero entre os
candidatos.
Como presidente do Partido dos Trabalhadores na Capital fui em
busca de lideranças comunitárias, sindicais, de gênero, de assuntos variados,
para termos uma forte nominata. Em sentido contrário, a maioria das nossas
tendências internas decidia que teriam uma única candidatura ou uma candidatura
prioritária. Houve quem fizesse esforços e ações concretas pela desistência de
importantes candidatos(as) nossos. Falou mais alto o interesse de grupo, de
parlamentares federais e estaduais. Gabinetes parlamentares e tendências
internas forçaram alinhamento de cima para baixo em apoio aos "seus"
candidatos. Com maiores ou menores "máquinas", as mesmas entraram em
campo.
Quase nada deu certo. Pelo contrário, quase tudo deu errado.
Perdemos duas cadeiras no Legislativo Municipal. De sete assentos passamos a
ocupar apenas cinco. É necessário lembrar que o PT já teve 14 vereadores num
total de 33. A partir de 2013 seremos cinco em 36. Não é de ligar o botão
"vermelho" e tocar a sirene?
Se isto tudo não for motivo de reflexão, por favor, me corrijam.
Claro que os fatores da derrota do PT são múltiplos e todos eles devem ser
somados. Citei apenas um aspecto primordial do fracasso de nossa bancada por
considerá-lo fora dos debates atuais.
Cabe salientar também que pela primeira vez os candidatos a
vereador e o voto na legenda fizeram mais votos que o candidato a prefeito, que
recebeu 76.548 votos, o que corresponde a 9,64% dos votos válidos. Nossa
legenda teve no 13 uma votação pífia, só comparar números.
Na condição de dirigente municipal pretendo não deixar nenhuma
opinião sem espaço, nem mesmo àquelas que talvez teçam duras críticas a mim, um
dos derrotados na urna, apesar de meus 5026 votos e a primeira suplência. Fato
é que precisaremos nos reinventar para não vermos nossa estrela símbolo ser
ofuscada na cidade que governamos por 16 anos consecutivos.
"Ideias ousadas são como as peças de xadrez que se movem
para a frente; podem ser comidas, mas podem começar um jogo vitorioso."
Johann Goethe
* Vereador e presidente do PT-POA
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