segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mensalão

Núcleo político - 4
O relator analisa agora a participação da corretora Bônus-Banval no esquema, que foi utilizada, segundo a denúncia, pelos réus do PP como intermediária nos pagamentos. Os sócios-proprietários da Bônus-Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, também são réus no processo.
Segundo Barbosa, para viabilizar a lavagem, Janene apresentou Valério a Enivaldo Quadrado. "A partir daí, Valério e Delúbio se reuniam com os sócios da Banval para discutir os repasses para o PP".
"A Bônus-Banval entregava dinheiro em domicilio. Eu nunca vi disso, senhores ministros", diz o relator.
"Enivaldo Quadrado foi o responsável direto por determinar que funcionários da Bônus Banval servissem de intermediários no repasse de recursos, executando assim, de forma dolosa, o crime de lavagem". "Enivaldo Quadrado recebia os recursos em mãos e depois procedia na distribuição dos repasses para as pessoas indicadas", afirma Barbosa.
Segundo a denúncia, Quadrado recebeu R$ 11 milhões do valerioduto para repassar ao PP. Ele foi preso em dezembro de 2008, no aeroporto de Cumbica (SP), com 361 mil euros na cueca.
"Está cabalmente comprovada a trama criada pelos réus para a lavagem de dinheiro", conclui o relator.
Segundo Barbosa, Janene, Henry, Corrêa e Genu se organizaram para lavar o dinheiro. "E, a partir de fevereiro de 2004, passaram a contar com Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado".
"Os repasses ao PP foram operados pela Bônus mediante duas sistemáticas: o uso de funcionários para receber o dinheiro vivo e a transferência eletrônica de recursos utilizando-se da empresa Natimar".
"Inclusive foi dado um emprego de estagiária para a filha de Janene na Banval exatamente no período dos repasses", diz Barbosa. "O alegado estágio durou apenas alguns meses, segundo o Janene". "Em suma, evidencia-se que os réus Quadrado e Fischberg ofereceram sua estrutura empresarial para os propósitos criminosos dos réus do PP", afirma o ministro.
"Chamo a atenção para o fato de que estes montantes não batem. Foram transferidos muito mais recursos dos que os que aparecem como transferidos", diz Barbosa. "Foram R$ 6 milhões, mas todos os recebimentos que citei não atingem esta quantia. Uma boa parte deve ter desaparecido no meio do caminho", afirma.
Joaquim Barbosa passa a analisar a acusação de formação de quadrilha imputada aos réus ligados ao PP.
"O contexto probatório me conduz à conclusão de que houve prática do crime de formação de quadrilha pelos réus", diz o ministro.
"Em abril de 2004, Rogério Tolentino e Valério depositaram dinheiro na conta bancaria da Bônus Banval e tiveram reuniões com os sócios da empresa, bem como com Delúbio", afirma Barbosa.
"A versão de Quadrado sobre o emprego dado ao dinheiro é inverossímil", diz. Ele cita o depoimento do réu: "O dinheiro entrou na corretora, eu não sabia de onde vinha, entrou nas contas da Natimar".
"Pedro Henry, Pedro Corrêa, José Janene e João Cláudio Genu formaram quadrilha para corrupção passiva e lavagem de dinheiro", diz Joaquim Barbosa
O ministro Joaquim Barbosa pede para que a sessão seja suspensa e o presidente Ayres Britto convocou uma nova reunião para quarta-feira, dia 19.

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