— Eu reclamei (quando algemado). Falei:
"Isso não é assim. Não se trata um ser humano assim, muito menos alguém
que não oferece perigo, alguém que está aqui pacificamente". Ele (o chefe
da carceragem da PF em Curitiba, Jorge Chastalo Filho) respondeu: "Isso é
determinação" — disse Cabral, que ainda reclamou: — E eu fui na caçamba,
não fui no banco da frente não!
A declaração acima foi extraída de matérias publicadas em vários veículos de imprensa do Brasil nesta quinta (10). Nela o ex-governador Sérgio Cabral reclama do tratamento que recebeu, em Curitiba, de agentes da Polícia Federal e do MP.
A declaração acima foi extraída de matérias publicadas em vários veículos de imprensa do Brasil nesta quinta (10). Nela o ex-governador Sérgio Cabral reclama do tratamento que recebeu, em Curitiba, de agentes da Polícia Federal e do MP.
Provavelmente, mas acho difícil, ele tenha esquecido que
é condenado a 100 anos de prisão por desvio, lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha e por ter levado um Estado inteiro, o Rio de Janeiro, a total
bancarrota.
Cabral, que está preso, reclamou de ser transferido para
outra penitenciária, Bangu 8, depois que o MP descobriu comida congelada e de
restaurantes caros, em sua cela no presídio de Benfica. Ele afirma que é tudo
mentira ou invenção do Ministério Público.
Falando em mentira, quem é Sérgio Cabral para acusar
alguém de mentiroso depois de ter sido condenado por mentir, roubar, esconder
dinheiro, usar a máquina pública e quebrar o Rio de Janeiro?
“Um ser humano”, como ele diz ser, mas que é sério, também não rouba, não
desvia, não se aproveita do cargo que ocupa para lavar dinheiro, usar uma
verdadeira quadrilha de parceiros para suas falcatruas, e laranjas para
esconder a roubalheira.
Um ser humano que
se preze, não festeja em Paris, com vários amigos, tudo com o dinheiro roubado
do contribuinte, dos cofres públicos, oriundo de propinas e contratos faturados
muito acima do preço normal. Nem se utiliza do helicóptero do governo para passeios e viagens com a família para aproveitar a casa da praia.
Um verdadeiro ser humano não usa dinheiro roubado para
presentear a mulher, também envolvida nos crimes do marido, com joias, roupas e
viagens caríssimas. Tudo subvencionado com o produto do roubo descarado e sem
limites.
Cabral, certamente, gostaria de sair da cadeia com ternos
importados, sentado comodamente no banco da frente da viatura policial, ou ser levado
para uma cela tipo a que ofereceram a seu colega de roubalheira na sede da PF
em Curitiba.
Um marginal qualquer, preso por aplicar um golpe de
poucos reais, é transportado, algemado, na caçamba da viatura policial. E,
mesmo que Cabral não considere, é um ser humano exatamente igual a ele. A
diferença é que não foi governador e nunca roubou tanto como o condenado a 100
anos de cadeia.
“Não se trata um ser humano assim”, disse Sérgio Cabral.
A não ser é claro, que este dito ser humano seja um ladrão, corrupto e
condenado sendo transferido de penitenciária, digo eu.
Machado Filho
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