quinta-feira, 10 de maio de 2018

➤Pensando bem

Um ser humano deve ser sério

— Eu reclamei (quando algemado). Falei: "Isso não é assim. Não se trata um ser humano assim, muito menos alguém que não oferece perigo, alguém que está aqui pacificamente". Ele (o chefe da carceragem da PF em Curitiba, Jorge Chastalo Filho) respondeu: "Isso é determinação" — disse Cabral, que ainda reclamou: — E eu fui na caçamba, não fui no banco da frente não!

A declaração acima foi extraída de matérias publicadas em vários veículos de imprensa do Brasil nesta quinta (10). Nela o ex-governador Sérgio Cabral reclama do tratamento que recebeu, em Curitiba, de agentes da Polícia Federal e do MP.

Provavelmente, mas acho difícil, ele tenha esquecido que é condenado a 100 anos de prisão por desvio, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e por ter levado um Estado inteiro, o Rio de Janeiro, a total bancarrota.

Cabral, que está preso, reclamou de ser transferido para outra penitenciária, Bangu 8, depois que o MP descobriu comida congelada e de restaurantes caros, em sua cela no presídio de Benfica. Ele afirma que é tudo mentira ou invenção do Ministério Público.

Falando em mentira, quem é Sérgio Cabral para acusar alguém de mentiroso depois de ter sido condenado por mentir, roubar, esconder dinheiro, usar a máquina pública e quebrar o Rio de Janeiro?

“Um ser humano”, como ele diz ser, mas que é sério, também não rouba, não desvia, não se aproveita do cargo que ocupa para lavar dinheiro, usar uma verdadeira quadrilha de parceiros para suas falcatruas, e laranjas para esconder a roubalheira.

Um ser humano que se preze, não festeja em Paris, com vários amigos, tudo com o dinheiro roubado do contribuinte, dos cofres públicos, oriundo de propinas e contratos faturados muito acima do preço normal. Nem se utiliza do helicóptero do governo para passeios e viagens com a família para aproveitar a casa da praia.

Um verdadeiro ser humano não usa dinheiro roubado para presentear a mulher, também envolvida nos crimes do marido, com joias, roupas e viagens caríssimas. Tudo subvencionado com o produto do roubo descarado e sem limites.

Cabral, certamente, gostaria de sair da cadeia com ternos importados, sentado comodamente no banco da frente da viatura policial, ou ser levado para uma cela tipo a que ofereceram a seu colega de roubalheira na sede da PF em Curitiba.

Um marginal qualquer, preso por aplicar um golpe de poucos reais, é transportado, algemado, na caçamba da viatura policial. E, mesmo que Cabral não considere, é um ser humano exatamente igual a ele. A diferença é que não foi governador e nunca roubou tanto como o condenado a 100 anos de cadeia.

“Não se trata um ser humano assim”, disse Sérgio Cabral. A não ser é claro, que este dito ser humano seja um ladrão, corrupto e condenado sendo transferido de penitenciária, digo eu.

Machado Filho

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