Sabe por que a de ontem foi a eleição mais contestada na
Venezuela desde que Hugo Chávez chegou ao poder e depois que ele foi sucedido
por Nicolás Maduro? Porque foi a mais recente. Simples assim.
E assim será
com a próxima eleição caso Maduro, ditador travestido de presidente legítimo,
ainda continue à frente do país. Ou mesmo que tenha cedido o lugar a um dos que
lhe prestam vassalagem.
É pouco
provável que Maduro governe por mais seis anos. Na última eleição presidencial
de 2013, embora a Venezuela já caminhasse para o abismo, 80% dos eleitores
compareceram às urnas.
Nesta, pouco
mais de 54% se abstiveram de votar. Se Maduro completar seu novo mandato, pouco
restará da Venezuela tal qual ele a herdou de Chávez. O país está quebrado. A
eleição foi considerada uma fraude.
Sem sucesso, por
aqui o PT tentou arrancar da Comissão Interamericana de Direitos Humanos um
atestado de que o impeachment de Dilma fora um golpe e de que a eleição deste
ano sem Lula será uma fraude.
Mas o Conselho, na semana passada, apressou-se a atestar
que o processo eleitoral venezuelano não contava “com as condições mínimas
necessárias para permitir a realização de eleições livres”.
Elas acabaram
acontecendo com boa parte da oposição perseguida ou presa e sem a supervisão de
nenhum órgão independente. Observadores internacionais, só aqueles escalados
pelo próprio governo.
Desde 2015,
quando perdeu as eleições legislativas, Maduro dedicou-se a desmontar o
arremedo de democracia que restava à Venezuela. E é justo reconhecer que se
saiu bem na tarefa.
Em minoria na
Assembleia Nacional (o Congresso de lá), criou uma assembleia paralela sob seu
controle. Revogou e promulgou leis ao seu gosto. Enfraqueceu as administrações
regionais.
Azeitou as
milícias, tropas paramilitares empregadas para obrigar os venezuelanos mais pobres
a se comportarem como manda o governo e a votarem conforme sua orientação.
Se o Bolsa
Família, aqui, criou uma reserva de votos para o PT, na Venezuela com a maior
inflação do mundo e onde tudo falta, até mesmo papel higiênico, o “carnet de la
pátria” cumpriu igual objetivo.
Maduro atribui
a crise ao que chama vagamente de “guerra econômica” e às sanções impostas
pelos Estados Unidos. A desculpa era a mesma oferecida pelo ditador Fidel
Castro para manter-se no poder em Cuba.
O regime castrista ainda está de pé, embora Fidel tenha
morrido. O regime bolivariano da Venezuela começou a baixar à sepultura quando
Chávez se internou em Cuba para morrer de câncer.
Publicado no portal da Revista VEJA em 21/05/2018
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