O que falta agora para encerrar greve?
Giros de reportagem de emissoras de TV e de rádio e de
jornais já constatam na manhã desta segunda-feira que a greve dos caminhoneiros
não se encerrou. Pontos de bloqueio se mantêm e caminhoneiros autônomos dizem
que a redução de R$ 0,46 no diesel não é suficiente.
O governo cedeu uma, duas, três vezes. A ampliação da
pauta e a insistência na paralisação mostram que quando se negocia mediante
chantagem o resultado é imprevisível. O governo é refém da boa vontade de um
movimento cujas lideranças nem consegue identificar ao certo
Temer deveria pedir desculpas
Michel Temer deveria ter aberto seu pronunciamento de domingo à noite pedindo desculpas à população por seu governo não ter a menor ideia do que acontecia com os caminhoneiros durante todos os meses em que a categoria já demonstrava insatisfação.
Em seguida, deveria pedir desculpas novamente por não
existir nenhum esquema preparado para evitar que o País quase entrasse em
colapso por conta da paralisação. Temer se restringiu a anunciar sua
capitulação diante das exigências feitas.
De JK a Temer
Sem ferrovias ou hidrovias, o Brasil vem costurando a
crise gerada pelas greves dos caminhoneiros desde que Juscelino Kubitschek
preferiu investir em rodovias. A avaliação,
repetida diversas vezes nos últimos dias, aparece também no texto de Ricardo
Rangel em O Globo.
“De JK para cá, ninguém fez nem faz nada para mudar isso.
Somos reféns de caminhoneiros e transportadores, e, cada vez que os interesses
dessas categorias convergem, elas se unem para nos chantagear”, escreve o
colunista.
FHC: ‘Quebrou-se o respeito’
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta
segunda-feira que a crise dos caminhoneiros levou a uma “quebra de respeito”
pelo governo federal. “Quebrou-se o respeito. Isso vai levar um tempo para
reconstruir”, afirmou diante de uma plateia de representantes de Organizações
Sociais (OSs) que atuam em São Paulo, realizado no teatro Sérgio Cardoso, na
capital.
Ele pregou que, nas eleições, se vote em candidatos que
não queiram “reinventar a roda”. “Tem de ser sem ideias malucas”, disse FHC,
que também falou na necessidade de “bom senso” e de se buscar “alguma coesão”
com vários setores da sociedade.
Política de preços teve aprovação unânime
Como sempre no Brasil, agora chovem críticas à política
de preços dos combustíveis da Petrobrás, querendo atribui-la totalmente ao
presidente da empresa, Pedro Parente, ou ao vice-presidente da área de
finanças, Ivan Monteiro –“herdado” da gestão de Aldemir Bendine, no governo
Dilma Rousseff.
Acontece que a política –que prevê reajustes diários nos
preços, de acordo com o mercado internacional de petróleo– teve aprovação
unânime da diretoria da Petrobrás. A primeira mudança foi em outubro de 2016. A
segunda, que estipulou a regra atual, foi em julho de 2017. O assunto só virou
tabu porque, agora, o preço internacional do petróleo explodiu.
Meirelles ‘é candidato de si mesmo’
Henrique Meirelles (MDB) não é candidato do partido, nem
do governo, mas de si mesmo. Está na disputa porque vai colocar a mão no bolso,
mas sua candidatura mais atrapalha que ajuda porque “sua candidatura retira
graus de liberdade das lideranças estaduais do partido”, afirma o professor da USP, Fernando Limongi, no Valor.
No Ceará, por exemplo, pode forçar o senador Eunício
Oliveira a subir em dois palanques. Nesse “encontro com o futuro”, mais
realista foi Michel Temer, que desistiu da candidatura, enquanto Lula tapa o
céu com a peneira.
Propina em Belo Monte e Cidade Administrativa
Em delação autorizada pela Procuradoria-Geral da
República, o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro afirma que houve pagamento de
propina e caixa dois para campanhas eleitorais em troca de contratos da
empreiteira em obras como a hidrelétrica de Belo Monte e a construção da
Cidade Administrativa, que virou sede do governo de Minas Gerais.
Essa parte da delação envolve Lula, presidente na época
do leilão da usina, e Aécio Neves, governador de Minas Gerais durante a
construção da nova sede. As informações são do jornal O Globo, que teve acesso aos
documentos.
Gleisi vai concorrer à Câmara
Com a decisão de Roberto Requião de disputar uma vaga no
Senado pelo Paraná, Gleisi Hoffmann desistiu de tentar a reeleição na Casa.
“Avaliei que só haverá uma vaga no campo progressista no Estado. Como o
Requião será candidato, vamos apoiá-lo. Seria correr um risco. E eu saio
candidata a deputada federal”, disse, segundo a Folha.
A presidente do PT enfrenta quatro acusações. Uma delas
tramita no Supremo Tribunal Federal e investiga se a senadora desviou R$ 1
milhão da Petrobrás para financiar sua campanha de 2010.
Publicado no portal do Jornal Estado de São Paulo em 28/05/2018
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