Quase 90% da população vive na pobreza, e preços
subiram
4.068% em 2017, segundo estudo de universidades
O peso médio dos venezuelanos caiu 11 quilos no ano
passado, enquanto a crise econômica afeta brutalmente a vida diária da
população. Atualmente, 87% da população vive na pobreza, de acordo com um novo
estudo sobre as condições de vida dos venezuelanos e o impacto da escassez de
alimentos no país.
Divulgado nesta quarta-feira por três das principais
universidades venezuelanas, o estudo Condições de Vida, publicado anualmente
desde 2014, é um dos mais importantes indicadores sobre o bem estar da
população, frente ao vazio de informação deixado pela ausência de dados do
governo, que parou de publicar estatísticas oficiais sobre a situação econômica
e social. Os números vieram de entrevistas feitas no ano passado com 6.168
venezuelanos entre 20 e 65 anos.
No relatório, 60% dos entrevistados disseram que haviam
acordado com fome nos três meses anteriores porque não tinham dinheiro para
comprar comida. Cerca de um quarto da população, além disso, só tinha
disponível duas refeições ou menos ao dia. Em 2016, os venezuelanos haviam já
perdido em média oito quilos ao longo do ano.
As dietas da população vêm se deteriorando, com
deficiências de vitaminas e proteínas. A hiperinflação reduz o poder de compra
da população e, nos supermercados, os clientes precisam enfrentar filas de
horas para conseguir produtos básicos. Enquanto isso, os preços em geral
subiram em 4.068% nos 12 meses anteriores a janeiro, segundo estimativas da
Assembleia Nacional, controlada pela oposição.
- A renda está se pulverizando. A disparidade entre o
aumento dos preços e os salários da população é generalizado - diz a socióloga
María Ponce, da Universidade Católica Andrés Bello, uma das autoras do estudo.
As outras universidades que participaram foram a Universidade Central da
Venezuela e a Universidade Simón Bolívar.
Segundo o estudo, 87% da população vivia na pobreza no
ano passado, em comparação a 82% em 2016 e 48% em 2014. O governo não divulga
dados sobre o assunto desde a primeira metade de 2015, quando o Instituto
Nacional de Estatísticas registrou 33% para o índice de pobreza.
Após sua vitória presidencial em 1999, o presidente Hugo
Chávez ressaltava em seus discursos a melhora nos indicadores sociais
venezuelanos, por conta das políticas sociais. Em 2013, a Venezuela tinha a
maior igualdade na distribuição de renda em toda a região, de acordo com a
Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da ONU. No entanto, as
políticas sociais dependiam dos altos preços do petróleo, que vigoraram nos dez
anos anteriores à morte de Chávez, em 2013.
A posse do seu sucessor, Nicolás Maduro, coincidiu com a
queda no preço do petróleo, que passou de em média US$ 100 para US$ 30. Essa
queda, aliada à má gestão econômica, resultou na deterioração atual.
Agência Globo
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