quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

➤Sem ter o que comer

Peso médio de venezuelanos cai 11 kg
Quase 90% da população vive na pobreza, e preços 
subiram 4.068% em 2017, segundo estudo de universidades



O peso médio dos venezuelanos caiu 11 quilos no ano passado, enquanto a crise econômica afeta brutalmente a vida diária da população. Atualmente, 87% da população vive na pobreza, de acordo com um novo estudo sobre as condições de vida dos venezuelanos e o impacto da escassez de alimentos no país.

Divulgado nesta quarta-feira por três das principais universidades venezuelanas, o estudo Condições de Vida, publicado anualmente desde 2014, é um dos mais importantes indicadores sobre o bem estar da população, frente ao vazio de informação deixado pela ausência de dados do governo, que parou de publicar estatísticas oficiais sobre a situação econômica e social. Os números vieram de entrevistas feitas no ano passado com 6.168 venezuelanos entre 20 e 65 anos.

No relatório, 60% dos entrevistados disseram que haviam acordado com fome nos três meses anteriores porque não tinham dinheiro para comprar comida. Cerca de um quarto da população, além disso, só tinha disponível duas refeições ou menos ao dia. Em 2016, os venezuelanos haviam já perdido em média oito quilos ao longo do ano.

As dietas da população vêm se deteriorando, com deficiências de vitaminas e proteínas. A hiperinflação reduz o poder de compra da população e, nos supermercados, os clientes precisam enfrentar filas de horas para conseguir produtos básicos. Enquanto isso, os preços em geral subiram em 4.068% nos 12 meses anteriores a janeiro, segundo estimativas da Assembleia Nacional, controlada pela oposição.

- A renda está se pulverizando. A disparidade entre o aumento dos preços e os salários da população é generalizado - diz a socióloga María Ponce, da Universidade Católica Andrés Bello, uma das autoras do estudo. As outras universidades que participaram foram a Universidade Central da Venezuela e a Universidade Simón Bolívar.

Segundo o estudo, 87% da população vivia na pobreza no ano passado, em comparação a 82% em 2016 e 48% em 2014. O governo não divulga dados sobre o assunto desde a primeira metade de 2015, quando o Instituto Nacional de Estatísticas registrou 33% para o índice de pobreza.

Após sua vitória presidencial em 1999, o presidente Hugo Chávez ressaltava em seus discursos a melhora nos indicadores sociais venezuelanos, por conta das políticas sociais. Em 2013, a Venezuela tinha a maior igualdade na distribuição de renda em toda a região, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da ONU. No entanto, as políticas sociais dependiam dos altos preços do petróleo, que vigoraram nos dez anos anteriores à morte de Chávez, em 2013.

A posse do seu sucessor, Nicolás Maduro, coincidiu com a queda no preço do petróleo, que passou de em média US$ 100 para US$ 30. Essa queda, aliada à má gestão econômica, resultou na deterioração atual.
Agência Globo

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