A operação da Polícia Federal que atingiu nesta
segunda-feira o ex-governador da Bahia Jaques Wagner impôs mais
dificuldades para o PT ter candidato próprio ao Palácio do Planalto. Cotado
como possível opção petista na eleição presidencial caso Luiz Inácio Lula da
Silva seja mesmo enquadrado na Lei da Ficha Limpa e fique impedido de
disputar, Wagner foi
indiciado. Ele é apontado em inquérito como
destinatário de R$ 82 milhões,
em propinas e caixa 2, desviados da obra de reconstrução do estádio da Fonte
Nova, em Salvador .
A ação da PF,
que chegou a pedir a prisão temporária do ex-governador –
não acolhida pela Justiça – e fez busca e apreensão no apartamento dele, deu
fôlego novo para o discurso de vitimização do PT. A cúpula
petista classificou a Operação Cartão Vermelho como mais um episódio de
“perseguição política” ao partido. Nome de maior
destaque da legenda no Nordeste – principal reduto eleitoral do partido –
Wagner, para alguns petistas, passou a ser considerado carta fora do baralho na
disputa pela Presidência.
Diante de um revés atrás do outro, a cúpula do PT ainda
não sabe o caminho a seguir. Com o aval de Lula, o ex-prefeito de São Paulo
Fernando Haddad iniciou um movimento para construir a unidade da
centro-esquerda na eleição. Coordenador do programa de governo do petista, Haddad jantou
recentemente com o pré-candidato do PDT, Ciro Gomes.
O discurso oficial é de que a aliança teria apenas o
objetivo de montar projetos de desenvolvimento para o País, mas, na prática, o
que uma ala do PT começa a discutir é a viabilidade de uma frente de
centro-esquerda sem candidato próprio do partido. Essa ideia, porém, nem de
longe conta com a maioria do PT.
Haddad foi criticado por se reunir com Ciro, na casa do
ex-deputado Gabriel Chalita (PDT). Em conversas reservadas, dirigentes do PT
dizem que o ex-prefeito age para ser vice do pedetista.
As articulações do ex-prefeito, no entanto, têm sido
chanceladas pelo próprio Lula. Em conversas reservadas, amigos do ex-presidente
já avaliam que ele corre grande risco de ser preso. Não querem, no entanto, que
o candidato seja de outro partido. Muito menos que seja Ciro, considerado um
“falastrão”.
O comando do PT ainda diz que inscreverá a candidatura de
Lula no dia 15 de agosto, mesmo se ele estiver preso. Trata-se de uma
estratégia para fazer a defesa política do ex-presidente e do partido. A
avaliação na sigla, no entanto, é de que se Lula for preso não terá chance de
reverter o quadro para concorrer. É por isso que o Plano B continua sendo tão
importante.
Não há acordo, no entanto, sobre o que fazer e a
desorientação é geral. Haddad não tem apoio da cúpula para ser o “herdeiro” de
Lula, mas o partido pode ser obrigado a bancar a candidatura dele ou a apoiar
um nome de fora, mesmo a contragosto.
Agência Estado
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