O desvario do PT*
Os petistas querem mesmo fazer crer que o Brasil está às
portas de uma convulsão, talvez quem sabe até mesmo de uma guerra civil, caso
os desembargadores responsáveis pelo julgamento em segunda instância do senhor
Lula da Silva resolvam condenar e eventualmente mandar prender o ex-presidente
por corrupção no próximo dia 24.
A mais recente manifestação nesse sentido foi feita pela
presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, que, numa entrevista ao
site Poder360, foi enfática: “Para prender o Lula, vai ter que prender
muita gente, mas, mais do que isso, vai ter que matar gente. Aí, vai ter que
matar”. Diante da previsível repercussão negativa causada por sua incontinência
verbal, Gleisi tratou de dizer que usou apenas uma “força de expressão” para
caracterizar a reação popular que, segundo ela, a condenação do chefão petista
provocará, já que “Lula é amado pelo povo brasileiro”. Lula, escreveu a
senadora no Twitter, “é o maior líder popular do país e está sendo vítima de
injustiças e violências que atingem quem o admira”. Assim, “como não se
revoltar com condenação sem provas?”, questionou a indignada petista.
Embora a ameaça de baderna e de confrontos violentos seja
grave, não se pode tomar ao pé da letra o que disse a presidente do PT. Não se
trata de menosprezar a capacidade petista de causar problemas, já
suficientemente comprovada ao longo das três décadas de existência do partido,
mas sim de observar a verdadeira dimensão da mobilização em favor do demiurgo
de Garanhuns.
Desde que o senhor Lula da Silva se viu formalmente
processado sob acusação de corrupção no âmbito da Lava Jato, os petistas
trataram de qualificar seu caso como perseguição política. Afinal, se o “maior
líder popular da história do Brasil” diz que é inocente, sem viva alma capaz de
rivalizar com ele em honestidade, não caberia à Justiça outra atitude a não ser
encerrar seu caso e pedir-lhe desculpas pelo inconveniente. Se os magistrados
decidiram levar o caso adiante – e, pior, condenar Lula à prisão, como já fez o
juiz Sérgio Moro –, é porque há um complô, articulado pelas “elites”, para
evitar que o ex-presidente volte ao poder.
A ideia, claro está, é constranger o Judiciário, mas tal
estratégia só teria alguma chance de êxito se houvesse efetivo risco de grave
comoção nacional ante a eventual decisão de encarcerar Lula, razão pela qual os
petistas estão empenhadíssimos em dar a impressão de que grande parte do “povo”
está de prontidão para enfrentar os “golpistas” aninhados no Judiciário. É
nesse contexto que deve ser entendida a declaração de Gleisi Hoffmann sobre os
cadáveres que uma condenação de Lula poderá produzir. Ela quis dar a entender
que não só há gente disposta a morrer por Lula como também que os “golpistas”
terão de reprimir violentamente as esperadas manifestações de protesto contra a
condenação.
É até possível que algum desequilibrado resolva se
martirizar por Lula, pois há louco para tudo, mas é altamente improvável que
mais alguém além do restrito grupo de adoradores do chefão petista arrisque-se
a quebrar uma unha que seja diante do infortúnio do ex-presidente, ainda mais
considerando-se o fato de que defender Lula significa defender um corrupto
condenado.
Constatado o fato de que o apoio a Lula contra os
magistrados que o julgarão é muito mais limitado do que a propaganda do PT
pretende fazer crer, é preciso que as autoridades usem tudo o que a lei lhes
faculta para impedir que os baderneiros a serviço daquele partido criem
situações violentas que possam lhes servir de pretexto para denunciar um regime
de exceção que só existe em suas delirantes fantasias. Felizmente, essas
providências estão sendo tomadas.
O caminho que o PT escolheu não lhe dá outra opção senão
a de provocar confrontos para que algo da desastrada profecia de sua presidente
se realize. Para sorte do País, porém, a ameaça de Gleisi Hoffmann apenas
simboliza o desvario que tomou conta dos petistas desde que seu grande líder
foi flagrado com a boca na botija.
*Publicado no Portal Estadão em 18/01/2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário