Fux defende prisão de Joesley e Saud
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF),
defendeu nesta quarta-feira (6) a prisão do empresário Joesley Batista – um dos
donos da holding J&F – e do diretor de Relações Institucionais da empresa,
Ricardo Saud, ambos delatores da Lava Jato.
Na avaliação do magistrado da
Suprema Corte, os dois delatores "ludibriaram" a Procuradoria Geral
da República (PGR). Na última segunda-feira (4), o chefe do Ministério Público,
Rodrigo Janot, determinou abertura de investigação para apurar se os delatores
da J&F – grupo que controla o frigorífico JBS – omitiram informações dos
investigadores nos depoimentos da delação premiada.
Dependendo do resultado das
investigações, os benefícios concedidos pelo Ministério Público aos executivos
da J&F poderão ser anulados, entre os quais a imunidade penal, que impede
qualquer processo criminal contra eles.
“Acho que eles ludibriaram a
Procuradoria, degradaram a imagem do Brasil no plano internacional, atentaram
contra a dignidade da Justiça, mostraram a arrogância dos criminosos de
colarinho branco. Então, eu acho que a primeira providência que tem de ser
tomada é prender eles”, afirmou Fux ao chegar nesta quarta-feira ao STF.
Em um áudio quatro horas
aparentemente gravado por descuido, que foi entregue na semana passada à PGR,
Joesley e Saud falam sobre possível tentativa de gravarem o ex-ministro da
Justiça José Eduardo Cardozo (PT-SP) para o petista “entregar” ministros do
Supremo.
No diálogo entre Joesley e Saud,
ocorrido em 17 de março, os dois delatores também discutem uma forma de se
aproximar de Janot por intermédio do ex-procurador da República Marcello
Miller.
À época, eles ainda não haviam
iniciado conversas para fechar o acordo de delação, e Miller ainda trabalhava
na PGR como auxiliar do procurador-geral.
Ministros do
STF
Nesta terça (5), dia em que o conteúdo da conversa entre
Joesley e Ricardo Saud veio à tona, a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia,
determinou que a PGR e a Polícia Federal investiguem as menções dos dois
delatores a magistrados do tribunal.
Em um vídeo divulgado pela
assessoria do Supremo, Cármen Lúcia disse que o objetivo da medida é não deixar
“qualquer sombra de dúvida sobre a dignidade" da Corte e a "honorabilidade"
de seus integrantes.
Magistrado mais antigo do STF, o
ministro Celso de Mello também se manifestou contra as falas de Joesley e Saud.
“A necessidade de apuração dos fatos
traduz uma exigência não só de ordem jurídica, mas de caráter ético, eis que as
graves insinuações que transparecem nos diálogos mantidos por determinados
agentes colaboradores mostram-se impregnadas de elementos que, se não forem
cabalmente esclarecidos, culminarão por injustamente expor esta Corte e os
magistrados que a integram ao juízo severo, inapelável e ao juízo negativo da
própria cidadania”, disse Celso de Mello, no início da sessão de julgamentos.
Agência Globo
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