Marcos Valério fecha acordo com a PF
Depois de ter sua proposta de delação rejeitada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), o operador do mensalão Marcos Valério Fernandes fechou um acordo de colaboração premiada com a Polícia Federal (PF). Por citar políticos com foro privilegiado, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o acordo aguarda a homologação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Valério cumpria pena de prisão pela ação penal do mensalão na
Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG), e foi transferido na última
segunda-feira para uma unidade da Associação de Proteção e Assistência a
Condenados (Apac), em Sete Lagoas (MG), a pedido da Polícia Federal.
Na decisão que
autorizou a transferência, datada da última segunda-feira, o juiz da Comarca de
Contagem Wagner de Oliveira Cavalieri escreveu que a medida teve como objetivo
“concluir procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal
Federal”.
Ele destacou que Valério “é presumidamente possuidor de inúmeras
informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileiras”, motivo pelo
qual seria “inegável o interesse público em suas declarações sobre fatos
ilícitos diversos que envolvem a República”.
Segundo o despacho, “em que pese a existência de formalidades e
fila para a transferência de presos para o sistema Apac”, no caso de Valério “o
interesse público se sobrepõe aos interesses individuais e, portanto, a medida
deve ser deferida conforme solicitada, ou seja, independentemente de ordem
cronológica ou outros requisitos”.
A primeira versão da colaboração de Valério tinha 60 anexos e foi
entregue em fevereiro deste ano à Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de
Belo Horizonte que informou em nota oficial, na época, não haver interesse em
aceitar a delação.
Nos documentos, Valério relatava detalhes do caixa paralelo
montado por suas agências de publicidade para operar desvios em contratos
assinados durante o governo Fernando Henrique (1994-2002), e nos primeiros anos
de Lula no Planalto (2003-2005) e Aécio Neves no governo de Minas (2003-2005).
Valério apresentou
informações sobre desvios em contratos com os Correios durante o governo Lula e
no Banco do Brasil no período em que a DNA Propaganda era agência de
publicidade da estatal, durante o governo FH.
Também fala sobre caixa 2 operacionalizado por ele para campanhas
tucanas em Minas, desvios em Furnas e pagamentos feitos por empresas como
Usiminas e Andrade Gutierrez em benefício de políticos sob sua influência.
Valério relata, ainda, bastidores de uma operação para abafar a
relação do Banco Rural com políticos tucanos em Minas, durante a CPMI dos
Correios.
Agência Globo
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