Temer e o relógio*
Aliados do presidente têm dúvida se haverá segurança
no
apoio de uma base aliada cada vez mais gelatinosa para
que Temer arrisque a
sorte no plenário
Vera Magalhães
Michel Temer tem pressa. Após recuperar um pouco do
fôlego com a absolvição na Justiça Eleitoral, o presidente se movimenta para
que a Câmara arquive ainda antes do recesso de julho a denúncia que o
Ministério Público Federal deverá apresentar contra ele.
Acontece que a prorrogação do inquérito pelo ministro
Edson Fachin levará a um atraso na apresentação da peça pelo procurador-geral
da República, Rodrigo Janot. Antes esperada para a semana passada ou para esta,
a denúncia agora deverá ser endereçada à Câmara apenas no final da semana que
vem ou na segunda-feira seguinte.
Restará, portanto, pouco tempo entre a acusação contra o
presidente e o fim do semestre legislativo. Aliados do presidente têm dúvida se
haverá segurança no apoio de uma base aliada cada vez mais gelatinosa para que
Temer arrisque a sorte no plenário. Assim, a aposta mais ouvida na Câmara é
que, assim como a reforma da Previdência, a análise do pedido para processar o
presidente deve ficar para o segundo semestre.
Além do Planalto, também a equipe econômica tem calafrios
diante deste cenário. Henrique Meirelles, que virou uma espécie de
primeiro-ministro de um presidente decorativo para o mercado, tem procurado
manter a confiança do setor produtivo e dos investidores com a promessa de que a
turbulência política será menor na segunda metade do ano. Só isso explica a
indiferença dos agentes econômicos com o destino do presidente.
Caso se cristalize a sensação de que a permanência ou não
de Temer passará a ser um fator de risco para as reformas, essa indiferença
pode se transmutar em retirada do apoio.
PGR ainda analisa se pede novo inquérito contra Temer
O grampo ainda desconhecido que a defesa de Temer diz
existir é aquele em que o presidente e Rodrigo Rocha Loures discutem o decreto
dos portos, de interesse da empresa Rodrimar. A equipe de Janot analisa se há
elementos para novo inquérito.
Bancada do PSDB pode se declarar independente
A bancada do PSDB da Câmara discute lançar um manifesto
contra a decisão da Executiva do partido e se declarando independente do
governo. Para isso, os cabeças pretas querem que Bruno Araújo, que é deputado,
deixe o Ministério das Cidades.
Decisão de Moro permite ida de Dirceu a festa
A presença de José Dirceu na festa junina da filha no
último fim de semana suscitou debate nas redes sociais sobre possível
descumprimento da decisão que o libertou. O juiz Sérgio Moro não decretou
prisão domiciliar do petista - por considerar que a gravidade dos crimes não
justificaria a substituição da pena. Portanto, ele só não pode deixar Brasília
nem se encontrar com investigados nos mesmos processos nos quais foi condenado.
Prisão da irmã dita rito acelerado de caso de Aécio
A defesa de Aécio Neves criticou a pressa da
Procuradoria-Geral da República em apresentar a denúncia contra o senador, mas
é o fato de haver denunciados presos - como Andréa, irmã do tucano - que dita o
rito. Será uma das primeiras vezes em que o STF terá de tocar um processo com
réus presos, caso Andrea e os demais não tenham a prisão preventiva revogada.
Com isso, Aécio terá seu caso julgado mais rápido que outros parlamentares.
*Publicado no Portal Estadão
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