Justiça ordena suspensão de atividades
O juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de
Brasília, suspendeu as atividades do Instituto Lula nos autos da investigação
sobre obstrução de Justiça envolvendo o ex-presidente na Operação Lava-Jato. A
decisão acolhe pedido do Ministério Público Federal. Os réus são acusados de
tramar contra a Lava-Jato para silenciar o ex-diretor da área Internacional da
Petrobras Nestor Cerveró.
Na decisão, o juiz afirma que, pelo "teor" do
depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação penal, há
indícios de que "o Instituto Lula, mesmo que desenvolva projetos de
intuito social, possa ter sido instrumento ou pelo menos local de encontro para
a perpetração de vários ilícitos criminais".
"Ele próprio (Lula) mencionou que chamava pessoas
para conversar no referido Instituto e sobre finalidades diversas do escopo da
entidade, alcunhando-o de 'Posto Ipiranga' diante de inúmeros assuntos ali
tratados, sem qualquer agendamento das conversas ou transparência em suas
atividades. Não se sabe o teor do que ali foi tratado, mas, por depoimentos
testemunhais (mais especificamente o depoimento de Léo Pinheiro prestado
perante a Vara Federal em Curitiba), bem como o de várias investigações em seu
desfavor, há veementes indícios de delitos criminais (incluindo o descrito
nesta denúncia) que podem ter sido iniciados ou instigados naquele local",
escreve o magistrado.
Além de Lula, são réus na ação o pecuarista José Carlos
Bumlai, o ex-senador Delcídio Amaral, o banqueiro André Santos Esteves, o
ex-assessor de Delcídio Diogo Ferreira Rodriguez, o advogado Edson Siqueira
Ribeiro Filho, e o filho de Bumlai, Maurício Barros Bumlai. Todos são acusados
de "agirem irregularmente para atrapalhar as investigações da Operação
Lava-Jato".
O caso já havia sido denunciado pelo Procurador-Geral da
República (PGR), Rodrigo Janot, em 2015. No entanto, em decorrência da perda de
foro privilegiado do ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS) e também pelo fato
de o crime ter ocorrido em Brasília, a denúncia foi enviada à Justiça Federal
do Distrito Federal. Com essa redistribuição, o Ministério Público Federal do
Distrito Federal foi acionado para se manifestar sobre a ação penal e concluiu
pela confirmação integral da denúncia prévia do Procurador-Geral da República.
Agência Estado
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