Dívidas podem atingir R$ 1 bilhão
Valor é referente
a pendências e processos ligados ao Mundial de 2014, o que mantém comitê
organizador, que deveria ter sido extinto, em atividade
Disputada em
2014, a Copa do Mundo no
Brasil ainda não acabou fora de campo. Pendências financeiras e
nos tribunais referentes ao Mundial podem chegar a R$ 1 bilhão e, por causa
disso, o Comitê Organizador Local (COL) ainda está funcionando. O órgão,
presidido por Marco Polo Del Nero, também presidente da CBF, deveria ter sido
dissolvido 18 meses após o fim da Copa – ou seja, em 13 de janeiro do ano
passado.
No entanto, um
ano após a data-limite o comitê continua em atividade, de acordo com a Junta
Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja), onde está registrado. A última
reunião da diretoria do COL aconteceu em 8 de agosto, mas a ata entrou nos
arquivos da junta comercial apenas no mês do passado.
Naquela ocasião,
a assembleia de sócios tratou das contas relativas a 2015. Del Nero não
compareceu à reunião realizada na sede atual da entidade – duas salas em um
suntuoso prédio de escritórios na Barra da Tijuca, a dois quilômetros da sede
da CBF. Ele foi representado por Rogério Caboclo, diretor executivo de Gestão
da CBF.
Sede do COL - Foto: Estadão/reprodução |
A entidade, que
também consta como sócia do comitê que organizou a Copa, teve como
representante o seu diretor jurídico, Carlos Eugênio Lopes. No encontro, as
contas do COL foram aprovadas “integralmente e sem quaisquer emendas ou
ressalvas”.
O curioso é que
são justamente questões financeiras que impedem que o COL encerre as
atividades, passados 30 meses do término da Copa do Mundo. Um membro do alto
escalão da CBF confirmou que, entre pendências e demandas da Justiça, o valor
atinge R$ 1 bilhão. Advogados que trabalham nas dezenas de casos, porém, dizem
esperar ser preciso desembolsar “apenas” entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões. A
CBF confia que a Fifa irá assumir esses encargos.
Questionada
sobre as atividades do COL, a Fifa evitou polemizar. Em nota, declarou que “o
escopo da operação da Copa do Mundo é imenso e inclui um intenso trabalho após
a competição”. A entidade confirmou ainda ser a responsável por financiar o
comitê, mas que os valores desembolsados atualmente são mínimos se comparados
ao período pré-Copa.
O discurso
oficial, porém, contradiz o que vem sendo colocado em prática. Na Fifa, a
proposta de reforma das Copas do Mundo também prevê o fim dos comitês
organizadores locais. Pelo novo formato, a organização será centralizada em
Zurique. Fontes na Suíça confirmaram que foi o “caos” do COL no Brasil que
levou a entidade a pensar no fim desse modelo.
Há dois anos e
meio, esse organismo criado no Brasil recebeu US$ 440 milhões (R$ 1,405 bilhão)
da Fifa. Mas parte do dinheiro foi destinada a pagar salários de cartolas como
os ex-presidentes da CBF Ricardo Teixeira e José Maria Marin e do atual, Marco
Polo Del Nero. Internamente, a Fifa também avaliou que, ao dar poder a um grupo
local, perdeu o controle sobre o uso político do Mundial.
O resultado foi
uma pressão de dirigentes brasileiros para inchar o evento. O grupo que
comandava a CBF colocou o torneio em 12 estádios – e não oito como pedia a
Fifa. A estrutura da Copa chegou a passar até por consultas com o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em escolhas que envolviam também critérios
políticos.
Agência Estado
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