Planalto e base avaliam desacelerar
Foto: Estadão/Reprodução |
Após manifestações País afora, que tiveram como foco a
atuação dos parlamentares para inibir investigações da Operação Lava Jato e
ações de juízes e promotores, o Palácio do Planalto e líderes partidários do
Senado avaliam que o projeto de lei de abuso de autoridade deverá ser
desacelerado. A matéria poderá sair da pauta de votação do plenário do Senado
amanhã.
Esse calendário de apreciação do projeto havia sido
anunciado há três semanas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
principal alvo dos protestos de ontem. Segundo líderes da base e interlocutores
do Planalto, a tendência é que a pressão pública retire a proposta de lei de
abuso de autoridade da lista de prioridades de votação.
Oficialmente, o discurso do governo é não se envolver em
assuntos do Legislativo, embora haja uma expectativa de que o projeto não
avance e chegue à mesa do presidente Michel Temer para decidir se veta ou
sanciona as medidas. O Executivo defende foco total na agenda do Senado para a
votação do segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Teto de
Gastos, que deve ser apreciada em segundo turno dia 13.
O Planalto considera que as manifestações não vão
prejudicar as reformas. Avalia também que Renan – mesmo sendo alvo dos
protestos – está comprometido com a agenda de recuperação econômica. Temer foi
preservado das críticas da rua, mas o Planalto, conforme reportagem do Estado de
ontem, receia ser tragado pela onda de protestos.
No fim da tarde, o Planalto divulgou nota em que defende
que os “Poderes da República estejam sempre atentos às reivindicações da
população brasileira”. “A força e a vitalidade de nossa democracia foram demonstradas
mais uma vez, neste domingo, nas manifestações ocorridas em diversas cidades do
País”, declarou a Secretaria Especial de Comunicação do Planalto.
O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira
(PSDB-SP), disse que é pessoalmente contra a votação do projeto. “A atualização
de uma matéria de 1950 não pode ser prioridade agora”, afirmou.
O líder do DEM na Casa, senador Ronaldo Caiado (GO),
disse que vai apresentar um requerimento de retirada de pauta da matéria. “Não
podemos ter uma pauta provocativa nem podemos fazer uma queda de braço com a
população”, afirmou, avaliando que é preciso preservar a governabilidade de
Temer.
Outra liderança da base disse não acreditar na votação do
projeto nesta terça-feira. Uma das ideias em discussão seria remeter o projeto
para a Comissão de Constituição e Justiça do Senado a fim de discuti-lo com
integrantes do Judiciário e do Ministério Público.
Agência Estado
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