Alvos: Deputado do PT e ministro do TCU
Ministro Vital do Rego e Deputado Marco Maia (PT) |
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU)
Vital do Rêgo costuma fazer anotações num papel enquanto fala. Ao final da
conversa, ele lança a folha num triturador e descarta os fragmentos numa lata
de lixo posicionada embaixo de sua mesa. O intuito desse ritual, segundo
pessoas próximas, é um só: evitar que os seus manuscritos caiam nas mãos
erradas ou sejam coletados numa eventual operação de busca e apreensão da
Polícia Federal. O que Vital mais temia ocorreu na manhã desta segunda-feira: o
ministro do TCU e o deputado federal Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara, acordaram com
policiais batendo à sua porta.
Alvos da nova fase da Operação Lava Jato, Vital e Maia
são suspeitos de terem negociado propinas com empreiteiros que estavam na mira
da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Petrobras, instalada no
Congresso em maio de 2014. Naquela época, Vital era o presidente da CPMI,
enquanto Maia era o relator, responsável por elaborar um relatório final sobre
os trabalhos dos parlamentares. De acordo com documento da Procuradoria-Geral
da República, a busca e apreensão deflagrada nesta manhã tem como objetivo
“coletar elementos probatórios comprobatórios da obstrução dos trabalhos da
CPMI da Petrobras, mediante favorecimento de empresários que deixariam de ser
convocados a depor”.
As investigações desse caso começaram quando o ex-líder
do governo no Senado, Delcídio do Amaral, revelou, em sua colaboração premiada,
que a CPMI da Petrobras foi utilizada para fazer negociatas. O relato do
ex-parlamentar petista foi confirmado por outros delatores, como os lobistas
Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e executivos das empreiteiras
Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, além de depoimentos de dirigentes da
construtora Engevix.
Segundo investigadores da Lava Jato, há indícios de que
Vital tenha solicitado a empreiteiros 5 milhões de reais para a sua campanha ao
governo da Paraíba. A metade desse valor foi doada pela construtora OAS ao PMDB
nacional, partido ao qual o ministro do TCU é filiado. A outra parte foi
repassada por meio de caixa dois 2, numa transferência feita pela empreiteira à
empresa Construtora Planíce, que também é alvo de busca e apreensão.
Já o deputado federal Marco Maia é suspeito de ter
recebido 200 000 reais em propina em espécie. O dinheiro teria sido entregue
por Júlio Camargo a um operador do ex-presidente da Câmara. O lobista disse que
os recursos foram entregues a uma pessoa chamada Evandro. Depois, retificou o
seu depoimento e afirmou que as quatro parcelas de 50 000 reais destinadas ao
petista foram recebidas por Luiz Gerber, que também é alvo da operação
deflagrada nesta manhã. O gerente de relações institucionais da Camargo Corrêa,
Gustavo da Costa Marques, confirmou à PF a identidade do emissário de Marco
Maia, responsável por negociar pagamento de caixa 2. Luiz Gerber é pai do
advogado Daniel Gerber, que defende o ex-presidente da Câmara.
Fonte: Revista VEJA
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