PT – Partido em extinção*
Flávio Quintela
As eleições de domingo passado mostraram que o povo
brasileiro, no fim das contas, está atento ao que acontece no cenário político
nacional. Em um ano no qual tivemos a votação do impeachment de Dilma Rousseff
e a saída do PT do comando da nação, eleitores de todo o Brasil deixaram claro
que não querem mais esse pessoal em nenhuma esfera governamental. Uma passada
rápida pelos resultados é mais que suficiente para entender o que estou
dizendo.
Nas 26 capitais, a situação foi de quase eliminação
completa dos candidatos petistas. Marcos Alexandre foi o único eleito já em
primeiro turno (reeleito, na verdade), em Rio Branco, no Acre. O outro petista
que restou foi João Paulo, que vai para o segundo turno em Recife com uma
votação inexpressiva de 23,76% dos votos válidos. As demais 24 capitais são
oficialmente PT-free.
Quando a abordagem é por maiores cidades do Brasil, outra
lavada. De acordo com os dados do Censo IBGE de 2013, há 39 municípios com mais
de 500 mil habitantes no Brasil – apenas 20 deles são capitais. O PT não levou
nenhum de primeira; vai ao segundo turno em Recife, caso já mencionado acima, e
em mais duas cidades: Santo André (SP) e Juiz de Fora (MG). Em Santo André,
Carlos Grana tentava a reeleição e ficou em segundo lugar, com 20,3% dos votos,
contra 35,9% de Paulinho Serra, do PSDB. Em Juiz de Fora, Margarida Salomão
liderava as pesquisas, mas acabou ficando em segundo lugar, com 22,38% dos
votos – muito atrás dos 39,07% de Bruno Siqueira, do PMDB. Não parece que
nenhum dos dois tenha muitas chances de eleição.
Se olharmos para o ABC paulista, reduto histórico do
partido e quartel-general de Lula, mais uma derrota significativa. O PT vai ao
segundo turno somente em Santo André, como foi dito acima. São Bernardo do
Campo, São Caetano do Sul e Diadema não quiseram nenhum petista na prefeitura.
E, para coroar o desempenho pífio, o filho de Lula, que concorria a uma vaga de
vereador em São Bernardo, teve apenas 1.504 votos – foi apenas o 58.º mais
votado.
Por último, vale a pena dar uma olhada nos deputados
federais que votaram contra o impeachment de Dilma Rousseff e se candidataram a
alguma prefeitura neste pleito. Foram 25 casos, dos quais apenas dois venceram
em primeiro turno, e somente três vão disputar o segundo turno. Nem todos são
do PT, mas todos faziam parte do bloco governista que tentou salvar Dilma a
todo custo.
Escorraçado das capitais e das grandes cidades
brasileiras, o PT sai desta eleição, independentemente dos resultados do segundo
turno, como um partido em processo de extinção. Algo certamente extraordinário
se nos lembrarmos do cenário político de apenas seis anos atrás. Foi em 2010,
durante um comício de Dilma Rousseff, que Lula defendeu que o DEM fosse
extirpado da política brasileira. O DEM, que vinha perdendo prefeituras
vertiginosamente – eram 1.028 prefeituras em 2000, depois 790 em 2004 (quando a
sigla ainda era PFL), 496 em 2008 e 278 em 2012 –, conseguiu garantir 265
prefeituras no primeiro turno deste ano, e pode ganhar mais três depois do
segundo turno. O PT de Lula foi menor que o “extirpável” DEM: apenas 256
prefeituras. Mesmo que ganhe as sete disputas de que participará no segundo
turno, não chegaria a 265.
Quem é que parece mais perto de ser extirpado agora?
*Publicado no jornal Gazeta do Povo (PR) em 06/10/2016
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