PT tinha conta corrente com Odebrecht
Foto: Portal VEJA/Reprodução |
O Partido dos Trabalhadores mantinha uma “verdadeira
conta-corrente” com a Odebrecht, por meio da qual eram pagas propinas a
integrantes da legenda, informou nesta segunda-feira a Polícia Federal durante
coletiva de imprensa concedida após a prisão do ex-ministro da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma Antônio
Palocci. Segundo a PF, Palocci –
identificado como “Italiano” nas planilhas da empreiteira – recebeu um total de
128 milhões de reais em propinas. Parte do dinheiro ficou com o partido.
As investigações mostram a atuação intensa e
reiterada de Palocci com a Odebrecht, envolvendo contratos e medidas
legislativas tomadas para privilegiar a empreiteira em obras públicas. Segundo
os procuradores, essa atuação se firmava com pagamentos de propinas que eram
destinadas aos PT. O ex-ministro Palocci recebeu os valores através dessa conta
desde 2006 até novembro de 2013.
A ex-funcionária Maria Lucia Tavares, segundo os
investigadores, foi a “única a quebrar o silêncio que impera dentro da
empresa” e revelou documentos que elucidaram fases passadas da
investigação. O delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace, afirmou
que Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci tiveram mais de 30 encontros no período
em que ele era ministro e até mesmo depois de deixar o cargo. Os encontros se
davam na casa de Palocci ou no escritório do ex-ministro.
Segundo a PF, Palocci
desempenhava um papel mais importante que o ex-ministro José Dirceu. No despacho em que decretou a prisão temporária de
Palocci, datado de 12 de setembro, Sergio Moro relata em detalhes o propinoduto
envolvendo a Odebrecht e o petista e diz ser “possível” que parte da propina
destinada pelo grupo de Marcelo Odebrecht ao PT tenha sido paga em contas
secretas no exterior. O risco de os recursos produtos do crime não poderem ser
mais recuperados e a possibilidade de fuga dos investigados foi levado em conta
pelo magistrado ao decretar a detenção de Palocci e dos dois assessores.
Branislav, de camisa preta. |
Na 35ª fase da Operação Lava Jato, foram alvo de condução
coercitiva Rita de Cássia dos Santos, secretária de Palocci, e Demerval de
Souza Gusmão Filho, proprietário da construtora que figurou como compradora do
imóvel destinado ao Instituto Lula. Houve ordem de busca e apreensão de
documentos nos endereços de Palocci, da Projeto Consultoria Empresarial e
Financeira Ltda., empresa de consultoria do petista; de Branislav Kontic; de
Juscelino Dourado; da J & F Assessoria Ltda.; de Rita de Cássia dos Santos;
de Demerval de Souza Gusmão Filho; e da DAG. Construtora Ltda.
Segundo a PF, Branislav Kontic, que foi assessor especial
de Antonio Palocci na Casa Civil, intermediou o esquema de recebimento de
valores entre a Odebrecht e o PT. Kontic foi alvo mandado de prisão temporária,
o mesmo determinado para Palocci.
Os investigadores ressaltaram que o ex-assessor era o
“braço direito” de Palocci e “marcava reuniões e encontros” entre Marcelo
Odebrecht e o ex-ministro, além de repassar informações e mensagens. A PF
também destacou a participação de Juscelino Antonio Dourado, que foi chefe
de gabinete de Palocci no Ministério da Fazenda na gestão Lula, também recebeu
valores de propina e intermediava débitos da conta da Odebrecht para
Antonio Palocci e PT. Dourado também foi preso na manhã desta segunda.
Instituto Lula
As investigações também apontaram para a participação de
Palocci na compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto
Lula, que seria um prédio de três andares. As tratativas da compra teriam sido
feitas entre a Odebrecht e Kontic para que fossem repassadas a Palocci.
Uma minuta de contrato juntamente com um projeto
arquitetônico foram encontrados no sítio Atibaia, que é atribuído ao
ex-presidente Lula.
Fonte: Portal VEJA
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