Ex-presidente recebeu
R$ 12 mi de propina de Angra 3
Othon Pinheiro da Silva (de boné), preso pela PF - Foto: Reprodução |
O ex-presidente da Eletronuclear e vice-almirante Othon
Luiz Pinheiro da Silva, preso nesta quarta-feira na Operação Pripyat, recebeu cerca de 12
milhões de reais da empreiteira Andrade Gutierrez, segundo informações do
Ministério Público Federal do Rio de Janeiro. O valor corresponde a 1% do
contrato orçado em 1,2 bilhão de reais para a construção da usina de Angra 3.
Outros 6 milhões de reais teriam sido distribuídos entre cinco ex-dirigentes da
Eletronuclear, que também foram detidos hoje. São eles: Luiz Soares, Edno
Negrini, Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani.
Segundo a representação do MP, uma parcela do dinheiro
ilícito ainda foi embolsada pelo "núcleo político" da organização
criminosa, que é investigada pelo Supremo Tribunal Federal por envolver pessoas
com foro privilegiado. As quantias foram pagas em dinheiro ou por meio de
contratos fraudulentos.
Apesar de estar cumprindo prisão domiciliar, Othon, que
já é réu no processo do eletrolão, teve nova prisão decretada por suspeita de
que, mesmo afastado do cargo, ainda mantém influência sobre a estatal. A
procuradoria colheu indícios de que ele estava interferindo nas investigações
internas conduzidas pela Eletrobras por meio do presidente atual da estatal,
Pedro José Diniz Figueiredo, e da procuradora jurídica da Eletronuclear,
Denisse Sollami. Os dois foram afastados do cargo hoje e foram alvos de
mandados de condução coercitiva.
"Foram interceptadas conversas que revelaram
destruição de documentos, ocultação patrimonial, interferência na investigação
interna, inclusive com violação de ambientes lacrados, manutenção de influência
de funcionários afastados e relações suspeitas com outras empresas",
afirmou o MPF, em nota, justificando os mandados de prisão e afastamento do
ex-presidente e do seu sucessor no cargo. Othon foi preso pela primeira vez em
julho do ano passado durante a deflagração da 16ª fase da Lava Jato, a
Radioatividade. Na ocasião, ele era suspeito de ter embolsado 4,5 milhões de
reais de propina.
Valter Cardeal 'o homem de Dilma' |
Também foi conduzido obrigatoriamente para prestar
depoimento o diretor afastado da Eletrobras Valter Luiz Cardeal, o 'homem de Dilma' na estatal. Segundo a
procuradoria, a sua participação no esquema ainda precisa ser "devidamente
esclarecida", mas há suspeitas de
que ele seria o responsável por solicitar e efetuar o pagamento reservado ao
núcleo político e administrativo da quadrilha, segundo os delatores.
As investigações de hoje se fundamentaram nas delações
premiadas dos ex-executivos da Andrade Gutierrez Flavio Barra, Clóvis Primo,
Rogério Nora e Gustavo Botelho. Segundo a procuradoria, eles forneceram
documentos, notas fiscais e planilhas relacionadas aos contratos ficticios
firmados para dar aparência de legalidade às operações ilícitas.
VEJA.com/Conteúdo
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