Polícia Federal prende ex-ministro do PT
Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann - Foto:Reprodução |
A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira, em
Brasília, o ex-ministro do Planejamento do governo Lula e das Comunicações no
primeiro governo Dilma Paulo Bernardo Silva (PT). Ele é alvo do primeiro
desdobramento da Operação Lava Jato em São Paulo e está envolvido em
investigações que apontam o pagamento de propina de até 100 milhões de reais em
contratos de prestação de serviços de informática no Ministério do
Planejamento. Um mandado de busca e apreensão está sendo cumprido na casa da
senadora petista e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR), em
Curitiba, que é casada com Bernardo. A operação deflagrada nesta quinta-feira
foi batizada de Custo Brasil e é um desdobramento da 18ª fase da Operação Lava
Jato.
Ao todo estão sendo cumpridos 11 mandados de prisão
preventiva, 40 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de condução
coercitiva nos estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e
Distrito Federal. Em São Paulo, a sede do diretório nacional do Partido dos
Trabalhadores (PT) é alvo de buscas.
Alexandre Romano |
Investigadores da força-tarefa que combatem o escândalo
do petrolão já haviam encontrado indícios de que o casal Gleisi-Paulo Bernardo
foi beneficiário de dinheiro sujo movimentado no escândalo do petrolão pela
empresa Consist. As suspeitas ganharam força depois da Polícia Federal e o
Ministério Público terem rastreado as movimentações do advogado e ex-vereador
Alexandre Romano, conhecido como Chambinho e delator da Lava Jato. Chambinho
era um dos responsáveis por operar um esquema de pagamento de propina no
Ministério do Planejamento.
Há evidências de que Romano recebeu 37 milhões de reais
em propina de empresas do Grupo Consist em um esquema que beneficiava firmas para
a prestação de serviços de informática para gestão de empréstimos consignados.
Ao rastrear os pagamentos recebidos pelas empresas do Consist, os
investigadores descobriram repasses do advogado Guilherme Gonçalves, que atuou
em campanhas políticas do PT e da própria Gleisi, diretamente para a senadora
petista.
Pelas anotações apreendidas em poder do advogado
Guilherme Gonçalves, há indícios de que o dinheiro que irrigava o esquema da
Consist no Ministério do Planejamento abastecia a família de Gleisi Hoffmann.
Nas anotações, mais suspeitas: "Diversos PT, PB, Gleisi". Em um dos
casos, o dinheiro que os investigadores afirmam ser propina chegou até a quitar
os salários do motorista da senadora petista, Hernany Mascarenhas. Em
depoimento no inquérito da Lava Jato, Guilherme Gonçalves confirmou que
utilizava recursos recebidos a título de honorários advocatícios da Consist
para pagar "despesas urgentes", como as de Gleisi Hoffmann. Nenhum
desses débitos "urgentes", porém, foi ressarcido pelos supostos
clientes ou mesmo por cobrado de volta pelo advogado.
Senadora Gleisi Hoffmann (PT) |
Fundo Consist - Em uma planilha apreendida no
escritório do advogado Guilherme Gonçalves, os detalhes que devem incriminar
Gleisi são mais evidentes: em anotações registradas como "Fundo
Consist", há referência a um crédito de cerca de 50.000 reais com
"diversos lançamentos de débitos em favor da senadora e de pessoas a ela
ligadas". Quando o caso ainda estava sob alçada do juiz Sergio Moro, o
magistrado concluiu que "parte expressiva da remuneração da Consist, cerca
de 9,6% do faturamento líquido, foi repassada, por solicitação de Alexandre
Romano, ao advogado Guilherme Gonçalves, em Curitiba, que, por sua vez,
utilizou esses mesmos recursos para pagamentos associados à senadora da
República Gleisi Hoffmann".
O ex-vereador petista Alexandre Romano, conhecido como
Chambinho, listou em seus depoimentos de colaboração à Justiça como petistas
das mais diversas matizes - de um então ministro de Estado ao atual líder do
governo na Câmara dos Deputados - embolsaram dinheiro e receberam benesses a
partir de favores políticos e desvio de recursos em estatais. A força-tarefa da
Operação Lava Jato escancarou o esquema de corrupção instalado na Petrobras,
mas os tentáculos do propinoduto chegaram a outras esferas da administração
pública, como estatais do setor elétrico, os Correios, empresa que já tinha
sido o estopim do escândalo do mensalão, e instituições financeiras, como o
Banco do Nordeste.
Com VEJA/Conteúdo
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