Feijão maravilha!
Quando eu era guri, lá em São Gabriel, meu pai que era subtenente
do Exército e tinha que manter uma família de 8 filhos e os medicamentos que
minha mãe usava para controlar a asma, sofria com a falta de dinheiro e, muitas
vezes, o arroz com feijão era a comida principal. Naquela época se dizia que
esta era comida de pobre.
Assim foi com muitas famílias que jamais deixaram de ter
como prato indispensável na mesa, o arroz e o feijão.
Um gostoso prato de arroz com feijão, um pedaço de carne
e um aipim fervido, até hoje, é uma das comidas que mais gosto. Quando o aipim
é macio e o feijão bem temperado, não preciso de mais nada.
Mas é muito cedo, o dia mal começou e já estou falando em
comida? Muitos ainda estão tomando o café da manhã, outros nem isso mais
conseguem fazer. Então, vou logo explicando.
O feijão, que sempre foi considerado comida dos mais
pobres, já está ficando longe da mesa das famílias mais humildes. O preço disparou
e o tradicional arroz com feijão já não pode mais ser considerado comida de
pobre.
E o que é pior, é que vivemos no Rio Grande do Sul,
Estado que foi considerado, durante muito tempo, celeiro do Brasil. Aqui,
feijão era plantado em qualquer canto, quase todo mundo, principalmente no
interior, tinha uma rocinha de feijão no pátio de casa.
Hoje, quando a gente passa pela gôndola do feijão nos
supermercados, fica impressionado com o preço do produto. Cansei de ver donas
de casa, que antes colocavam muitos pacotes de feijão no carrinho, hoje levam,
no máximo, um pacotinho de um quilo. Mais do que isso pode ser considerado
exagero.
Mas enquanto o feijão vai desaparecendo da mesa da gente,
fico pensando no que levou a tornar o produto um item selecionável e, muitas
vezes, dispensável na lista de compras do final do mês. Se quem ainda pode
fazer um rancho razoável, já está diminuindo o consumo do feijão, tão
necessário e importante para a saúde, principalmente das crianças, o que deixar
para quem não consegue nem mais contar com o prato que nunca havia faltado na
mesa dos brasileiros? Arroz com feijão faz muito tempo, deixou de ser comida de
pobre e passou, no máximo, a ser prato especial na mesa de quem pode mais.
Juro que chego a sentir o cheirinho gostoso que vinha da
cozinha quando a Dona Célia, minha querida e saudosa mãe, temperava o feijão. A
casa ficava tomada pelo aroma delicioso da manjerona. A gente ficava esperando
a hora do almoço para saborear aquele delicioso feijão maravilha!
Tenham todos um Bom Dia!
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