Segurança do Palácio desautorizou Jaques Wagner
Na derradeira manhã do governo Dilma, quando as equipes
do cerimonial e segurança do Palácio do Planalto instalavam grades e detectores
de metal para organizar os espaços onde militantes, jornalistas e autoridades
públicas ouviriam o discurso de despedida, o ex-ministro Jaques Wagner (PT)
tentou interferir e foi desautorizado pelo comando da guarda militar. Ex-chefe
do gabinete pessoal de Dilma, Wagner queria autorizar a entrada de cerca de cem
mulheres para abraçar Dilma e levar flores. Segundo um funcionário da
Presidência responsável pelo contato com movimentos sociais, Wagner ouviu do
novo comandante a seguinte frase: "O senhor já não é mais ministro".
De fato, ele havia sido exonerado na véspera pela presidente.
PT vai organizar viagens para Dilma e gabinete paralelo
ao de Temer
O PT vai planejar com organizações e movimentos sociais
de esquerda da Frente Brasil Popular uma agenda de viagens e atos políticos
pelo país a ser cumprida pela presidente afastada Dilma Rousseff com parlamentares
e seus ex-ministros. Ao mesmo tempo, os ex-integrantes do primeiro escalão de
Dilma devem acompanhar, "cada um na sua área", as primeiras ações do
governo interino do vice-presidente Michel Temer (PMDB), conforme disse o
ex-ministro Aloizio Mercadante. A base dos "ministros" será em
Brasília (DF), em local a ser definido, mas o espaço poderá funcionar na sede
do PT. Eles não devem montar escritório no Palácio da Alvorada, residência de
Dilma. "A Frente Brasil Popular vai fazer um calendário de mobilizações
pelo país e vamos para o debate político, tanto na defesa de mérito, porque
isso é a abertura de um processo (de impeachment contra Dilma), quanto na
defesa do nosso legado, das nossas políticas. Esse é um enfrentamento que vai
ter que ser feito", disse o agora ex-ministro da Educação Aloizio
Mercadante (PT), um dos mais próximos da presidente nos dois mandatos.
Governo Dilma deixou 'infiltrados' no Planalto
Além do gabinete paralelo formado por ex-ministros da
presidente afastada Dilma Rousseff, o governo Michel Temer (PMDB) também será
vigiado por funcionários comissionados que ainda não foram exonerados e se
dispuseram a avisar sobre qualquer alteração determinada pelo presidente
interino nas políticas em andamento. Eles pretendem ficar no cargo até que
sejam demitidos. De maneira informal, alguns devem participar da fase de
transição entre governos - que não existe oficialmente, como em casos de fim de
mandato eleitoral. "Nós somos os heróis da resistência. Vamos ficar aqui
para passar o que tiver de informação", disse um assessor da Secretaria
Nacional de Articulação Social. "Se os caras meterem a mão, vamos
denunciar na hora para os movimentos sociais. Se quiserem vir quebrar os vidros
e tomar conta da portaria, que façam."
A vingança de Eduardo Cunha
O ex-presidente da Câmara Federal, de quem partiu a
determinação para o início do processo de impeachment da presidente Dilma,
prometeu que daria o troco às declarações dela quando de sua saída da Câmara. Afastado do mandato por decisão do
Supremo Tribunal Federal, Eduardo Cunha cumpriu nesta quinta-feira o prometido
e respondeu na mesma moeda à provocação feita pela então presidente Dilma
Rousseff quando do julgamento que o tirou da Câmara: "Boa tarde a todos.
Apenas uma frase: Antes tarde do que nunca", tuitou o peemedebista,
copiando exatamente a frase que a petista usou para comentar a derrocada dele.
Em meio à
crise, Jaques Wagner compra sítio do tamanho de 14 Maracanãs
Com o nome de
Fazenda Dinamarca, Wagner, sua mulher e Guiga compraram uma fração de 14
hectares do imóvel _ algo como 14 Maracanãs. O local incluía casa com cinco
suítes, garagem, piscina e acesso ao Rio Santo Antônio, da chapada Diamantina.
Agora, o nome é “Sítio Felicidade”. Segundo o registro do cartório, o imóvel
teve uma entrada de R$ 398 mil e o resto dividido em dez prestações de R$ 14
mil. O salário de Jaques Wagner é de R$ 30 mil. O antigo dono é o prefeito de
Andaraí, Wilson Cardoso (PSB). Pelo rateio, segundo o registro cartorial,
Jaques Wagner e sua mulher tem 76% do imóvel (R$ 408 mil), enquanto a empresa
de Guiga tem os outros 24% (R$ 129 mil).
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